Uma nova droga que poderia curar de resfriado a AIDS

Por Brunno Câmara - quarta-feira, dezembro 21, 2011

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De acordo com o pesquisador Todd Rider do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), estamos mais perto de um antiviral potente como nunca visto antes. Ele desenvolveu uma droga chamada de Draco, que derrotou com sucesso 15 diferentes tipos de vírus em testes em tecidos de camundongos e humanos. Dentre esses tipos estão incluídos alguns, literalmente, mortais: vírus da dengue, poliovírus, vírus influenza, e especialmente o vírus Ebola. E, sim, até vírus de resfriados foram testados, e a droga foi capaz de eliminá-lo também.

Mas como a Draco funciona?

Proteínas naturais em uma célula infectada detectam a presença do vírus. Essas proteínas são sensíveis à dupla fita de RNA, que está presente em quase todos os tipos de vírus.

Todd Rider pegou uma dessas proteínas naturais e ligou à outra proteína natural – também presente em todas as células – que leva à morte celular.

Para ajudar a nova proteína a penetrar na célula, ele adicionou uma característica que imita parte do HIV, pegando emprestado a sua habilidade de invadir células.

Uma vez administrada, a droga viaja pelo corpo mas irá somente ativar as células infectadas. Em questão de horas, a parte da droga sensível ao RNA detecta o vírus e ativa a parte suicida da célula. Quando a célula hospedeira morre, o vírus também.

Resultado
Treated=tratado / Untreated=não tratado

Dessa forma, mesmo que o pesquisador tenha testado a droga em tecido humano, não significa que estamos prontos para testes em humanos. Ainda há um longo caminho pela frente e muitos testes em animais, antes de a droga chegar nas farmácias.

A Draco tem algumas similaridades com o interferon – ambos são à base de proteínas, o que significa que ela poderia provocar uma resposta imunológica, mesmo não havendo essa resposta nos camundongos que receberam a droga. São boas notícias, mas não pode-se correlacionar com as experiências em humanos.

Se a Draco ou um dos outros antivirais funcionasse, isso mudaria a saúde global da noite para o dia. A habilidade de curar pequenas infecções como um resfriado comum poderia poupar as pessoas de ficar alguns dias doentes cada ano – que através de uma população inteira poderia adicionar até uma força de trabalho muito mais eficiente.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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