Como diferenciar erros sistemáticos de erros aleatórios

Por Brunno Câmara - terça-feira, julho 10, 2012

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Assim como em todos os procedimentos de medidas, as análises quantitativas em laboratórios clínicos possuem erros inerentes. O profissional deve ter em mente que o erro é uma possibilidade tão intrínseca, chegando a ser uma probabilidade. A lei de Gauss, definida pela distribuição normal de erros e com uma curva em formato de sino, é muito conhecida e deve fazer parte dos conceitos dos profissionais. Ela representa a distribuição de medidas, também de erros, de análises em uma mesma amostra.

Com isso, sempre que forem feitas medições em replicata de uma amostra, ou em material de controle, o valor encontrado nunca será o mesmo e sua posição estará dentro de um previsível distanciamento do ponto central (da média), numa distribuição aleatória. Isso evidenciará sempre algum “erro”.

Esse comportamento caracteriza-se como uma distribuição dos erros das medidas em replicata e os tamanhos dos erros são consequência da variabilidade, que é o Desvio Padrão (DP), ou ainda melhor, pelo índice de variabilidade, o Coeficiente de Variação (CV). Medições que resultem em valores maiores que os esperados numa faixa aceitável, aumentam o erro aleatório, assim chamado, simplesmente, como erro aleatório.

Se a distribuição dos pontos deixa de apresentar oscilação em torno da média, tem-se então, um desvio do esperado na distribuição normal e é sistemático, caracterizando, algumas vezes, um erro dessa natureza. Pode haver erro sistemático quando:

- os valores do controle excedem algum limite em uma quantidade específica de observações consecutivas;
- os valores do controle estão no mesmo lado da média em sete dias consecutivos, sem necessariamente ultrapassarem os limites.
- os valores do controle em sete dias consecutivos mostrarão uma tendência crescente ou decrescente, não necessariamente ultrapassando algum limite.

O erro sistemático é o tipo mais frequente, em geral, decorrente de problemas persistentes e mais fáceis de serem descobertos e solucionados. Eles têm uma direção certa (para mais, ou para menos) e se relacionam com as variações da média.

Já o erro aleatório, aponta para a maior variabilidade do sistema, significando o alargamento da curva de distribuição dos resultados do controle, a Curva de Gauss. Essa ocorrência leva ao aumento da imprecisão do método analítico e pode ser expresso em termos de DP ou de CV. A direção e dimensão do erro não podem ser previstos, o que levam a uma distribuição alargada dos pontos, razão pela qual a base da Curva de Gauss aumenta. Os erros aleatórios se relacionam com a imprecisão (DP e CV) e suas causas são de esclarecimento mais difícil.

Para um bom estado de estabilidade, é desejável que os dados oscilem em torno de uma média, sem tendências e sem distanciamento exagerado da linha central, a então chamada distribuição gaussiana.

Assim, o procedimento do Controle Interno da Qualidade (CIQ) em laboratórios clínicos deve ser capaz de detectar os erros de medidas, de forma adequada, no material de controle, com o objetivo de aumentar a previsibilidade da qualidade dos resultados de amostras de pacientes. Para tanto, a análise do gráfico de Levey-Jennings contribui para compreensão da variabilidade dos resultados obtidos dos materiais, apontando os erros aleatórios e sistemáticos na realização do processo.

Para compreender mais detalhadamente como acontecem os erros aleatórios e sistemáticos consulte os ebooks: Regras múltiplas e 7 atitudes para lidar com as não conformidades.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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