Alfa-1 glicoproteína ácida (AGPA), a substituta da dosagem de mucoproteínas

Por Brunno Câmara - sexta-feira, novembro 09, 2012

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Mais de 60 proteínas já foram identificadas e caracterizadas no plasma sanguíneo. Essas proteínas podem ser grosseiramente divididas em proteínas que não contêm carboidratos (albumina) e em glicoproteínas. As glicoproteínas são proteínas simples unidas a carboidratos, geralmente, polissacarídeos, ao que se deve a viscosidade das suas soluções; são proteínas formadoras de muco nos tecidos e nas secreções e, do ponto de vista estrutural, intervêm como componentes de ligamentos, tendões, cartilagens, etc.

A alfa-1 glicoproteína ácida (AGPA) é muito ácida (pH 3,5) e possui um alto teor de carboidrato (41%), o que a torna muito estável e muito solúvel passando pelo filtro glomerular em larga extensão, resultando em uma meia vida de apenas 5 (cinco) dias na circulação.

A maior síntese da AGPA é no fígado; também pode ser sintetizada pelos leucócitos e por células tumorais. O nível de AGPA no sangue varia de acordo com o sexo e a idade. A função fisiológica é desconhecida, porém, sabe-se que a mesma pode ligar-se a hormônios como a progesterona, anestésicos, antibióticos, psicotrópicos, anticoagulantes, antiarrítmicos entre outros.

A  AGPA  é  uma  proteína  de  fase  aguda  como  a  alfa-1  antitripsina, haptoglobina,  ceruloplasmina,  fibrinogênio  e  proteína  C  reativa.  Essas proteínas  compartilham  a  propriedade  de  mostrar  elevações  nas concentrações  em  resposta  aos  estados  de  stress  ou  inflamatório  que ocorrem  com  infecções,  ferimentos,  cirurgias,  trauma  ou  outras  necroses tissulares.

A AGPA substitui a dosagem de mucoproteínas que já foi retirada da rotina em muitos  países.  A  AGPA  no  soro  possui  especificidade  e  reprodutibilidade elevadas incomparavelmente superiores à dosagem das mucoproteínas.

Em estudo, a diferença de correlação existente em pacientes analisados pode ser explicada pelo fato de que a AGPA é determinada por turbidimetria e totalmente automatizada. Já a determinação bioquímica das mucoproteínas, por ser uma técnica manual e bastante susceptível a erros, não apresenta boa reprodutibilidade sofrendo influência da temperatura, do tempo, além das alterações que ocorre em relação à absorção do papel de filtro.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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