Essa mulher teve o resultado de PET/CT falso-positivo por causa de suas tatuagens

Por Brunno Câmara - segunda-feira, junho 15, 2015

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Tattoo x TC

Um mulher de 32 anos, da Califórnia, EUA, tinha sido recentemente diagnosticada com câncer cervical. Em novembro de 2012, seus médicos solicitaram um exame de PET/CT para ver se havia ocorrido alguma metástase.

O resultado do exame de imagem mostrou que, além do tumor cervical, haviam pontos brilhantes nos linfonodos em sua pelve, sugerindo que o câncer tinha se espalhado.

No PET/CT, que combina Tomografia por Emissão de Pósitrons com a Tomografia Computadorizada, é necessário a administração de um traçador radioativo. Geralmente o 2-[F18]-fluoro-2-deoxi-glicose, chamado de FDG, é o traçador utilizado, sendo o Flúor-18 o elemento radioativo e a glicose o composto químico.

Uma pequena quantidade deste açúcar radioativo é injetada no paciente e, após um período de captação, são realizadas as imagens. O PET scan capta os sinais de radiação emitidos pelo Flúor-18 transformando-os em imagens, mostrando os locais onde há presença deste açúcar, demonstrando o metabolismo da glicose.

A grande maioria das células tumorais apresenta utilização acentuada de glicose como fonte de energia, em comparação com as células normais. Então, quando aparecem locais com brilho de intensidade aumentada, é um forte indício que nesse locais há células neoplásicas.

Para tratar o câncer, a mulher fez uma cirurgia para remover seu útero, cérvice, tubas uterinas e os linfonodos pélvicos. Quando os médicos viram o exame anatomopatológico dos linfonodos, viram que, na verdade, as células continham depósitos de tinta de tatuagem. A mulher tinha mais de 14 tatuagens em suas pernas. Essa tinta nos linfonodos fez com que houvessem as alterações no resultado do PET/CT.

Os macrófagos fagocitam o material invasor (a tinta) na tentativa de limpar toda a bagunça inflamatória causada pela agulha. À medida que essas células circulam através do sistema linfático, algumas são carregadas de volta aos linfonodos cheias de tinta enquanto outras permanecem na derme.

No caso dessa paciente, a interferência no exame de imagem não mudou o plano cirúrgico, mas é importante ficar atento para situações como essa, pois um tratamento errado pode ser realizado e mudar a vida do paciente completamente. Exames de imagem podem sofrer muitas interferências e dar resultados falso-positivos em pessoas com tatuagens.

O relato de caso foi publicado em 08 de junho, no jornal Obstetrics and Gynecology.

Entenda por que a tinta da tatuagem foi parar nos linfonodos – link

Quem tem tatuagem pode fazer Ressonância Magnética?

Com informações de CETAC e LiveScience

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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