Pesquisadores descobrem por que ameba mortal tem afinidade pelo cérebro

Por Brunno Câmara - terça-feira, outubro 04, 2016

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Amebas “comedoras” de cérebro podem entrar no cérebro de um nadador desavisado pelo seu nariz e, se isso acontecer, as chances de sobrevivência são mínimas. Elas começam a comer seu cérebro.

Pesquisadores descobriram por que essa ameba mortal tem tamanha afinidade pelo cérebro.

A ameba, Naegleria fowleri (laranjada na imagem acima), tende a habitar em água doce.  Após entrar no corpo, ela passa pelo nariz e tecidos próximos e vai direto para o cérebro, onde as primeiras áreas destruídas são as regiões olfatórias, partes do lobo frontal, que são cruciais para a cognição e controle do comportamento.

Por que elas têm essa afinidade pelo cérebro permanecia desconhecida. A suspeita era de que a ameba poderia ser atraída pelo neurotransmissor acetilcolina, que é liberada em grandes quantidades pelas células da parte frontal do cérebro. Essa substância já é conhecida por atuar como um imã para algumas células imunes e neurônios em crescimento.

Para testar essa teoria, os pesquisadores procuraram por receptores na ameba que poderiam se ligar à acetilcolina. Para isso, eles começaram com a Acanthamoeba – um gênero que tente a infectar pessoas por machucados na pele.

Foram isoladas 126 proteínas da ameba e comparadas com outras proteínas com estruturas e componentes similares que estavam no banco de dados. Uma dessas proteínas tinha a estrutura similar ao receptor humano para a acetilcolina. O mesmo foi feito para a Naegleria fowleri e o resultado foi igual.

Isso sugere que a ameba tem seu próprio receptor para a acetilcolina. E é por isso que ela tropismo pelo cérebro.

Agora, com a descoberta, espera-se que drogas bloqueadoras do receptor sejam utilizadas no tratamento da infecção pela ameba. Essas drogas já existem, e são usadas no tratamento da síndrome do intestino irritável ou regular os batimentos cardíacos, por exemplo.

Porém, existe um problema. Se essas drogas puderem curar a infecção, elas devem ser administradas assim que a pessoa é infectada com a ameba, quando é impossível diagnosticar a infecção. Cefaleia grave é geralmente o primeiro sinal, mas nesse ponto a ameba já está no cérebro.

Agora é necessário um teste para o rápido diagnóstico.

Fonte: New Scientist | Imagem: London School of Hygiene & Tropical Medicine/Science Photo Library

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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