Relação entre Vitamina D, Paratormônio, Cálcio e Fósforo na Doença Renal Crônica

Por Brunno Câmara - terça-feira, março 17, 2015

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DRC - CÁLCIO, FÓSFORO, PTH e VITAMINA D

As glândulas paratireoides são quatro glândulas do tamanho de uma ervilha, localizadas na glândula tireoide (pescoço). Apesar de os nomes serem semelhantes, as glândulas tireoide e paratireoides são muito diferentes, cada uma produzindo hormônios distintos com funções específicas.

paratireoideAs glândulas paratireoides secretam o paratormônio (PTH), um polipeptídeo que ajuda a manter o balanço de cálcio e fósforo no organismo.

No hospital onde faço residência existe um serviço de hemodiálise, então muitos pacientes com doença renal crônica (DRC) fazem dosagem de vários analitos relacionados com a doença, para o acompanhamento do tratamento.

Na maioria dos casos, os níveis de PTH estão elevados nesses pacientes. Entenda quais os motivos desse aumento, denominado hiperparatireoidismo secundário (à DRC).

O hiperparatireoidismo secundário à DRC é uma produção aumentada de PTH causada por várias mudanças no metabolismo ósseo e mineral como resultado da função renal diminuída.

PTH

A produção e secreção de PTH pode ser estimulada por hipocalcemia, hiperfosfatemia e deficiência de vitamina D.

Devido a sua principal função em prevenir a hipocalcemia, o PTH estimula osteoclastos a lisar o osso, liberando cálcio na circulação. Normalmente esse processo de homeostase controla a atividade de osteoclastos e osteoblastos, mas o hiperparatireoidismo secundário provoca um desequilíbrio das atividades dessas células, levando ao aumento de degradação óssea, e à osteodistrofia óssea.

Vitamina D

O termo vitamina D é usado para denominar várias formas de vitamina D. A forma ativa é a vitamina D3 [1,25-(OH)2D3)] ou calcitriol, que liga-se ao receptor de vitamina D (RVD). Em circunstâncias normais, a vitamina D3 regula a síntese e liberação de PTH.

Quando a vitamina D3 liga-se aos RVD das glândulas paratireoides a produção de PTH é diminuída. Ela também estimula a absorção intestinal de cálcio, levando ao aumento do cálcio sérico.

Quando a função renal diminui, há um declínio da 1α-hidroxilase renal que é responsável pela reação final de hidroxilação na síntese de calcitriol. A consequência disso é que os níveis de vitamina D3 caem e os níveis de PTH aumentam.

Fósforo e Cálcio

Quando a taxa de filtração glomerular (TFG) diminui para < 60 mL/min/ 1.73 m2, a excreção de fósforo aumenta, pois os néfrons que ainda estão funcionando trabalham em dobro para manter os níveis de fósforo plasmático normais.

Com a progressão da DRC, quando os néfrons restantes não conseguem mais excretar o excesso de fósforo, é detectada a hiperfosfatemia.

O cálcio e o fósforo têm alta afinidade de ligação um pelo outro. Se a concentração de um, ou de ambos, aumenta no plasma, há grande risco de formação de uma ligação iônica, criando um complexo insolúvel. A precipitação pode diminuir os níveis de cálcio sérico, o que estimula a secreção de PTH.

Referência: Sarah Tomasello. Secondary Hyperparathyroidism and Chronic Kidney Disease. Diabetes Spectrum. 2008.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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