Diferença entre os termos in vivo, in vitro e in silico

Por Brunno Câmara - quinta-feira, outubro 13, 2022

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Veja a seguir:

Estudo ou Teste in vitro

É um termo do Latim (em itálico) para indicar estudos que são feitos com micro-organismos, células ou moléculas extraídos do seu contexto biológico normal.

Conceitualmente, são testes feitos com componentes isolados de um organismo em tubos de ensaios, frascos, placa de Petri, dentre outros instrumentos de laboratório.

É uma forma conveniente de se analisar determinadas características de um organismo. 

Porém, por envolver apenas partes das informações desses organismos, pode não representar precisamente o que acontece no organismo vivo, completo.

Exemplos

Isolamento, crescimento e identificação de células de organismos multicelulares (cultivo celular).

Cultivo de bactérias em meios de cultura artificiais em placas de Petri, tubos ou frascos.

Análise de subcomponentes celulares, como mitocôndrias, ribossomos, DNA e RNA.

Aqui entra o diagnóstico in vitro, que é um conjunto de testes usados para dosar e detectar centenas de moléculas/micro-organismos diagnosticando e monitorando doenças usando amostras como sangue, urina e qualquer outra secreção/excreção do organismo humano ou animal.

Outro campo importante da medicina é a fertilização in vitro, em que óvulos são fecundados por espermatozoides em placas no laboratório, que são posteriormente implantadas no útero.

O desenvolvimento de novas drogas e descobrimento de novos biomarcadores começa com os estudos in vitro.

Estudo in vivo

Do Latim (no vivo), são estudos realizados para verificar os efeitos de várias vias biológicas em organismos vivos, como seres humanos, animais e plantas.

Por conta disso, experimentos em modelos animais e estudos clínicos em seres humanos são componentes essenciais.

São feitos depois de se analisar os resultados dos testes in vitro, para verificar os efeitos de determinada molécula ou via no organismo como um todo.

Os modelos animais mais usados são ratos e camundongos.

Exemplos

  • Na pesquisa básica, para entendimento como os processos biológicos funcionam (fisiologia/farmacologia).
  • Determinação da patogênese de várias doenças.
  • Desenvolvimento de medicamentos e vacinas (eficácia e segurança).
  • Novos procedimentos cirúrgicos.

Estudo ex vivo

Do Latim (fora do vivo), são experimentos feitos em órgãos e tecidos fora do organismo.

Eles são mantidos no ambiente externo, mas com alterações mínimas das condições naturais.

A vantagem em trabalhar o órgão isolado vem da possibilidade de fazer testes que não seriam possíveis ou éticos em organismos vivos.

Os efeitos avaliados se aproximam mais do real, em comparação com os estudos in vitro.

Exemplos

  • Coração ou vasos isolados (fisiologia e farmacologia cardiovascular).
  • Estudos de inflamação usando biópsias de pele.
  • Descobrimento de novas drogas.

Estudos in silico

São estudos realizados em computador ou via simulação computacional.

Pseudo-Latim, foi um termo criado em 1987 em alusão a outros termos em Latim, como in vivo e in vitro usados na biologia.

Tem o potencial de reduzir o tempo de descobrimento de novas drogas por meio da triagem computacional de moléculas candidatas.

Outra aplicação é no reposicionamento de drogas, ou seja, achar novas aplicações para drogas existentes que já estão aprovadas e em uso em seres humanos.

Pode ser usado também na predição de vias metabólicas, usando modelos computacionais que imitam o funcionamento de um organismo vivo.

Por meio desses estudos in silico é possível direcionar com mais eficiência os experimentos in vitro e in vivo, por exemplo.

Outros termos semelhantes usados na biomedicina

In natura: indica que o estudo foi realizado em condições naturais, em ambiente não laboratorial.

In papyro: estudos realizados somente no papel. Exemplo: estudos epidemiológicos que não envolvem sujeitos, como metanálise.

In utero: eventos que ocorrem dentro do útero.

In situ: examinar um fenômeno exatamente no local onde ele ocorre, sem seu isolamento de outros sistemas ou alterações das condições originais.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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