Conheça mais sobre a “Bordetella pertussis”, agente etiológico da Coqueluche
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Dentro do gênero Bordetella, a única espécie de grande importância clínica é a Bordetella pertussis, agente etiológico da Coqueluche. Apesar disso, a espécie B. parapertussis pode causar uma forma leve de bronquite.
A B. pertussis é uma bactéria muito pequena, aeróbia estrita, na forma de cocobacilos Gram negativos não móveis. É positiva para oxidase e negativa para urease.
A maioria dos pacientes com coqueluche são crianças com menos de um ano de idade. Porém, crianças mais velhas podem pegar a doença. A gravidade da doença é relacionada à idade.
O micro-organismo é transmitido por gotículas e aerossóis. Depois de inalado, coloniza as células epiteliais ciliadas dos brônquios. Após 7 a 10 dias de incubação, aparecem sintomas leves de rinite, tosse e espirro, que duram de uma a duas semanas.
Com o avanço da proliferação da bactéria, a função das células ciliadas é comprometida, e os sintomas aumentam de frequência e intensidade, levando à fase paroxística. Essa fase é caracterizada por tosse intensa, manifestando-se em paroxismos, mais frequentes à noite, podendo chegar de 10 a 30 crises em 24 horas. Os paroxismos são seguidos de um esforço inspiratório massivo que pode produzir o “guincho” característico (resultante da inalação forçosa do ar contra a glote estreitada).
Vídeo de um menino tossindo devido à coqueluche – assista
Vídeo de um homem hospitalizado tossindo por causa da coqueluche – assista
Áudio de uma criança com coqueluche – ouça
A tosse pode durar de duas a três semanas. O muco ingerido pode induzir ao vômito, resultando em desidratação severa e perda de peso.
Além da infecção das células ciliadas, a B. pertussis produz algumas exotoxinas que contribuem para esses sintomas.
Toxina Pertussis
É um oligopeptídeo tipo AB, principal responsável pela tosse. Causa linfocitose (veja caso clínico e imagens clicando aqui), hipoglicemia, aumenta a síntese de IgE e aumenta a sensibilidade à histamina.
Inibe também várias funções dos leucócitos, incluindo a quimiotaxia, fagocitose e impede a morte das células NK. Contribui para a ligação da bactéria às células epiteliais ciliadas.
Adenilato Ciclase Toxina
Essa exotoxina penetra na célula hospedeira, é ativada pela calmodulina e catalisa a conversão de ATP em cAMP. Também inibe a fagocitose e as funções das células NK.
Citotoxina traqueal
É uma molécula semelhante a um peptidoglicano que se liga às células epiteliais ciliadas, interferindo nos movimentos ciliares. Em grandes concentrações, causa a destruição dessas células, contribuindo para a tosse.
Toxina Dermonecrótica
É um vaso-constritor muito potente que causa isquemia, extravasamento de leucócitos e, em associação com a citotoxina traqueal, causa necrose do tecido traqueal.
Lipopolissacarídeo
Como em outras bactérias Gram negativas, essa endotoxina causa numerosos efeitos. Quando em grande quantidades, após lise bacteriana, causa choque e colapso cardiovascular. Em pequenas quantidades, ativa mediadores inflamatórios.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito através das manifestações clínicas e da cultura de aspirado nasofaríngeo. O meio de cultura utilizado é o Bordet-Gengou (ágar sangue com extrato de batata e glicerol + antibiótico). A bactéria cresce como colônias hemolíticas pequenas e transparentes.
Tratamento
Os macrolídeos são as drogas de escolha. Dos quais a eritromicina, azitromicina ou claritromicina são agentes apropriados de primeira linha para o tratamento da coqueluche.
Vacinação
A vacina contra a coqueluche está sempre combinada às vacinas do tétano e da difteria, chamada de tríplice bacteriana, que, por sua vez, pode estar combinada a outras vacinas nas chamadas vacinas combinadas, como a tetra, a penta e a hexa.
Existem duas formas da vacina. Uma, é produzida a partir da célula bacteriana morta; outra é produzida a partir de filamentos de hemaglutininas e da toxina pertussis “detoxificada”.