Diferenças entre os testes treponêmicos e não treponêmicos
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Resumo Rápido
- Testes treponêmicos detectam anticorpos específicos contra Treponema pallidum e permanecem reagentes mesmo após o tratamento;
- Testes não-treponêmicos detectam anticorpos não específicos e são usados para triagem e monitoramento terapêutico;
- O Manual Técnico para o Diagnóstico de Sífilis, do Ministério da Saúde, estabelece os fluxogramas para o diagnóstico laboratorial utilizando esses testes;
- Para monitoramento pós-tratamento, testes não-treponêmicos são utilizados; títulos baixos podem indicar cicatriz sorológica.
Introdução
Os testes laboratoriais são de extrema importância para o diagnóstico de sífilis.
O Treponema pallidum não pode ser cultivado in vitro, então os testes sorológicos são considerados o padrão-ouro nesse diagnóstico.
Eles são classificados em dois tipos: testes treponêmicos e testes não treponêmicos.
Aqui, vamos ver quais são eles e suas diferenças.
O que são testes treponêmicos?
São testes laboratoriais que detectam a presença de anticorpos específicos (IgM, IgG e IgA) contra o T. pallidum.
São exemplos de metodologias utilizadas:
- FTA-abs (imunofluorescência indireta)
- Aglutinação de partículas (TPPA)
- Hemaglutinação (MHA-TP)
- ELISA
- Quimioluminescência
- Imunocromatografia
A detecção do DNA da bactéria por PCR também é considerada um teste treponêmico.
Vale dizer que nem sempre a presença do anticorpo específico (resultado reagente) significa que o paciente está infectado.
Por causa da IgG de memória, mesmo após o tratamento, os resultados darão reagentes. E, dificilmente, irão se tornar não reagentes.
Por isso, é necessário fazer a associação do resultado do teste treponêmico com o resultado do teste não treponêmico e também com a história clínica do paciente.
O que são testes não treponêmicos?
São testes que detectam anticorpos não específicos para T. pallidum, mas que são encontrados em pacientes com sífilis.
São exemplos de metodologias utilizadas:
- Floculação: VDRL, RPR, USR e TRUST
- Aglutinação
- Ensaios imunoenzimáticos
- Imunocromatografia
Eles são utilizados tanto para a detecção qualitativa (reagente ou não reagente) quanto para fazer a titulação (semi-quantificação) dos anticorpos em amostras cujo resultado foi reagente.
Por não serem específicos, resultados falso-positivos podem ocorrer. Geralmente, em baixos títulos.
Sendo assim, é sempre necessário fazer a confirmação de um novo caso da doença com testes treponêmicos.
Os testes que usam a floculação são os mais usados, com destaque para o VDRL. Neles, é usado um reagente que tem como base lecitina, colesterol e cardiolipina (suspensão antigênica).
Os anticorpos não treponêmicos (IgM e IgG) presentes na amostra se ligam às cardiolipinas. São anticorpos produzidos contra substâncias da bactéria e das células lesadas.
Triagem e confirmação
Atualmente no Brasil, existem dois fluxogramas para serem usados no diagnóstico de sífilis. Eles estão disponíveis no "Manual Técnico para o Diagnóstico de Sífilis" do Ministério da Saúde.
Esses fluxogramas são formados por testes feitos de forma sequencial. O objetivo é fazer com que haja o aumento do valor preditivo positivo de um teste inicial reagente.
O Fluxograma 1 consiste na abordagem clássica. A triagem é feita com um teste não treponêmico e confirmada com um teste treponêmico.
O Fluxograma 2 consiste na abordagem reversa à clássica. É empregado um teste treponêmico como primeiro teste, que pode ser laboratorial ou rápido, seguido por um teste não treponêmico para a complementação da testagem.
Para o monitoramento da resposta ao tratamento são usados os testes não treponêmicos, visto que os títulos reduzem a níveis muito baixos ou negativam ao decorrer do tempo.
A persistência de títulos baixos denomina-se cicatriz ou memória sorológica e pode durar anos ou a vida toda.
Erros comuns
- Interpretar teste treponêmico reagente como infecção ativa sem correlação clínica.
- Monitorar resposta terapêutica apenas com teste treponêmico.
- Desconsiderar possibilidade de falso-positivo em testes não-treponêmicos (VDRL) de baixo título.
Perguntas frequentes
P: Um teste treponêmico reagente significa infecção ativa?
R: Não necessariamente. Pode indicar infecção passada tratada. Use teste não-treponêmico + quadro clínico para interpretar.
P: O que indica boa resposta ao tratamento?
R: Redução progressiva dos títulos no teste não-treponêmico.
P: O teste treponêmico pode ser usado para monitoramento?
R: Não é o ideal. Para monitoramento pós-tratamento, use o teste não-treponêmico.
Referências
- Medscape. Syphilis Workup, 2017 (acesso em 10/2021).
- Brasil. Ministério da Saúde. Manual Técnico para Diagnóstico da Sífilis. Brasília - Ministério da Saúde, 2021.
- Telelab. Ministério da Saúde. Aula 6 - Testes Treponêmicos - Ministério da Saúde, 2014.
- Telelab. Ministério da Saúde. Aula 2 - Diagnóstico da Sífilis - Ministério da Saúde, 2014.