6 condições médicas que utilizam a toxina botulínica A como tratamento

Por Brunno Câmara - sexta-feira, maio 27, 2016

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O Botox® (nome da marca) é produzido através da toxina botulínica A e, além de ser usado para diminuir as tão indesejadas rugas, ele tem outras aplicações na medicina.

A toxina botulínica é um bloqueador neuromuscular, ou seja, ela paralisa o músculo no qual foi injetada. E, devido aos vários problemas musculares em diferentes condições médicas, a gama de aplicação da toxina tem se expandido.

TOXINA BOTULÍNICA
Origem - Bactéria Clostridium botulinum
Forma de contaminação - Inalação ou ingestão de água ou alimentos contaminados
Dose letal - 0,4 nanograma/kg
Antídoto - Antitoxina trivalente equina

Dez mil vezes mais potente do que os venenos de cobra, essa toxina age sobre o sistema neurológico, causando paralisia dos músculos respiratórios e morte. Curiosamente, em pequenas doses, essa substância é usada em tratamentos estéticos para amenizar rugas - é o famoso Botox.

Se você é biomédico esteta ou pretende ser, saiba que há várias outras utilidades para a toxina. Confira seis situações em que a toxina botulínica é utilizada.

6 – Estrabismo

A primeira vez em que o Botox foi utilizado como tratamento médico foi em 1981, para pessoas com estrabismo, patologia oftalmológica que consiste no desalinhamento dos olhos. Em 1989, o órgão americano Food and Drug Administration (FDA), equivalente à ANVISA no Brasil, aprovou oficialmente o uso da substância para essa condição. Injetando a toxina nos músculos que movimentam o olho, há redução da aparência de desalinhamento dos olhos.

5 – Hiperidrose

O uso do Botox na redução do excesso de suor pode ser útil. Ele inibe a liberação pré-sináptica de acetilcolina, limitando assim a estimulação simpática das glândulas sudoríparas que causam o excesso de transpiração. No caso da hiperidrose focal primária, as glândulas sudoríparas são normais em tamanho, número e densidade, por isso a toxina botulínica atua inibindo as fibras colinérgicas simpáticas pós-ganglionares hiperativas que inervam essas glândulas. O tratamento da hiperidrose foi aprovado pelo FDA em 2004.

Artigo recomendado: Vlahovic, TC. Plantar Hyperhidrosis: An Overview. Clin Podiatr Med Surg. 2016. (link)

4 – Dor crônica

O Botox pode ajudar no tratamento de pessoas com a Síndrome da dor miofascial, uma condição crônica que envolve dor muscular.

Em um estudo de 2014, publicado no periódico Anesthesia & Analgesia, pesquisadores injetaram toxina botulínica nos músculos do pescoço e ombro de 114 pacientes com a síndrome. Eles descobriram que as dores dos participantes diminuíram após as injeções.

3 – Sialorreia na doença de Parkinson

Pessoas com a doença de Parkinson que desenvolvem problemas nas funções musculares e engolem com menos frequência do que o normal, podem ter saliva em excesso (sialorreia). O uso do Botox pode ajudar no tratamento desse sintoma.

Em um estudo de 2006, publicado no periódico Movement Disorders, pesquisadores administraram a toxina nas glândulas salivares de 32 pessoas com Parkinson que estavam sofrendo com o excesso de saliva. O resultado foi que após o tratamento, as pessoas produziram menos saliva. Não houve efeitos colaterais, segundo o estudo.

2 – Enxaquecas crônicas

A enxaqueca crônica é outra condição na qual o Botox pode ajudar a tratar, pois certos mecanismos musculares têm sido relacionados com o desenvolvimento de enxaquecas. Para ser considerada crônica a pessoa tem que ter enxaqueca por mais de 14 dias no mês, por mais de três meses.

Não se sabe ao certo qual o mecanismo de atuação da toxina na enxaqueca. Um estudo americano recente, por Rami Burstein e colaboradores, usando modelos animais, sugeriu que a toxina botulínica inibe a enxaqueca crônica reduzindo a expressão de certas vias da dor, envolvendo células nervosas no sistema trigeminovascular.

O FDA aprovou o uso do Botox para esse fim no ano de 2010, com injeções da droga administradas nas áreas do pescoço e cabeça, a cada 12 semanas, durante 56 semanas.

1 – Síndrome da bexiga hiperativa

Em 2013, o FDA aprovou o uso do Botox para tratar a síndrome da bexiga hiperativa em adultos que não podem usar, ou não foram ajudados por, medicamentos que normalmente são utilizados no tratamento dessa condição. A síndrome é uma condição em que a bexiga comprime-se frequentemente ou comprime-se sem aviso. Sintomas incluem incontinência urinária, necessidade urgente de urinar e micção frequente.

Quando a toxina é injetada no músculo da bexiga, ocorre seu relaxamento, aumentando a capacidade de armazenamento de urina e reduzindo os episódios de incontinência urinária.

Com informações de LiveScience e FDA

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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