7 coisas que todo Biomédico deve saber sobre o Sarampo

Por Brunno Câmara - quarta-feira, agosto 08, 2018

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Sarampo

1- Agente etiológico

O vírus do sarampo pertence ao gênero Morbillivírus e à família Paramyxoviridae, da ordem Mononegavirales.

Os vírions são pleomórficos (duas ou mais formas diferentes) e medem entre 100 e 300 nanômetros. Possuem como material genético um RNA de fita simples polaridade negativa, com 15.894 nucleotídeos.
Vírus do Sarampo
Representação esquemática do vírus do Sarampo / Fonte


2- Patogênese e Transmissão

O vírus é transmitido pela via respiratória, por meio de gotículas e aerossóis, ou por contato direto com as secreções corporais.

Ele infecta o hospedeiro por meio da ligação específica aos seus receptores: SLAM (signaling lymphocyte activation molecule) que é expresso em células imunes; CD46 expresso em células epiteliais; e um suposto terceiro receptor utilizado na ausência dos outros dois.

Após, dissemina-se pelo organismo podendo ser encontrado no tecido linfoide (timo, baço, linfonodos, tonsilas etc.), fígado, pulmão, rim, trato gastrointestinal, conjuntiva e pele.

3- Período de incubação e manifestações clínicas

O sarampo tem um período de incubação que varia de 10 a 14 dias, contando o tempo entre a exposição ao vírus até o aparecimento das manifestações clínicas.

Os primeiros sintomas são inespecíficos como febre, mal-estar, tosse, coriza e conjuntivite.
Esse período prodrômico dura cerca de 2 a 3 dias, e durante esse tempo pequenas manchas vermelhas com um pontinho branco azulado no centro podem ser vistas na mucosa bucal.

Esse período acaba quando as erupções cutâneas aparecem, primeiramente na face e atrás das orelhas e então no tronco e extremidades. Após 3 a 4 dias elas começam a desaparecer.


Doença respiratória. Pneumonite e inflamação do trato respiratório inferior; pneumonia; doença pulmonar crônica.
Doença gastrointestinal. Hepatite e diarreia.
Doença ocular. Cegueira e lesões na córnea.

4- Diagnóstico laboratorial

Hemograma. O vírus causa linfopenia, tanto de linfócitos B quanto T. Dentro de uma semana o número de linfócitos começa a voltar ao normal após a eliminação viral, porém o imunocomprometimento pode durar mais de dois anos.

Anticorpos. São detectáveis quando as erupções cutâneas aparecem. O isotipo inicial na infecção é IgM seguido de mudança para IgG2 e IgG3 e então, na fase de memória, para IgG1 e IgG4.

A avidez inicial de IgG é baixa e vai melhorando dentro de meses. Os anticorpos são produzidos contra a maioria das proteínas virais, porém o anticorpo mais abundante e produzido mais rapidamente é contra a proteína N.

Testes laboratoriais. Consistem no isolamento viral, detecção direta do vírus por métodos sorológicos e moleculares e detecção de anticorpos IgM e IgG.

5- Tratamento

Não há um tratamento antiviral padrão para o sarampo.

6- Vacinação

A vacina é composta pelo vírus vivo atenuado, induzindo respostas imunes humoral e celular, e promove uma proteção de longa duração.

A vacina diminuiu dramaticamente a incidência de sarampo em todos os países em que foi efetivamente implantada.

Uma segunda dose é necessária para imunizar pessoas que não responderam à primeira dose da vacina.

7- Possível erradicação

Teoricamente, o sarampo é uma infecção viral ideal para a erradicação por meio da vacinação: há apenas um sorotipo; a maioria dos casos é clinicamente identificável; não há reservatório animal; e há vacina disponível.

Porém, o sarampo continua sendo a principal causa de morte infantil evitável por vacina.

Referências

Sankhajit Bhattacharjee e Pramod Kumar Yadava. Measles virus: Background and oncolytic virotherapy. Biochemistry and Biophysics Reports, 2018.

Fields, Bernard N; Knipe, David M; Howley, Peter M. Fields virology. Philadelphia : Wolters Kluwer Health. 6th ed. 2013.

Hussein Y Naim. Measles virus. Human Vaccines & Immunotherapeutics, 2015.
Ministério da saúde 2018.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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