USP descobre nova chave contra infecção

Por Brunno Câmara - domingo, maio 09, 2010

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TLR

No início do mês passado, em Duque de Caxias (RJ), o estudante Diego Frazão Torquato, 12, morreu em razão de uma infecção contraída após cirurgia de apendicite. Um estudo de pesquisadores brasileiros e britânicos abre uma janela para a redução de mortes causadas por infecções generalizadas, como a que vitimou o jovem.

O trabalho de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, e da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, descobriu o que pode ser a chave para o controle das infecções generalizadas, conhecidas como sepse.

Após um estudo de dois anos, os cientistas conseguiram demonstrar que uma proteína existente no próprio organismo, chamada de citocina IL-33, tem o poder de restabelecer as defesas do corpo humano a uma infecção generalizada.

O resultado será publicado na revista "Nature Medicine".

A sepse é uma das principais causas de morte nas unidades de terapia intensiva. "De 30% a 40% das pessoas que chegam com sepse a um hospital morrem", afirmou o farmacologista José Carlos Faria Alves Filho, 34, um dos autores do estudo.

Descoberta

No organismo humano, quando uma infecção é detectada, um grupo de moléculas chamadas receptores "toll-like", que fazem parte do sistema imunológico, entra em ação para reconhecer o tipo de bactéria que invadiu o corpo.

Em reação em cadeia, esses receptores ativam os neutrófilos, células que são consideradas os "soldados" da linha de frente do sistema imune, que migram para o foco da infecção.

Ocorre que, quando há sepse, os mesmos receptores "toll-like", ao serem ativados na circulação sanguínea, desenvolvem uma resposta inflamatória sistêmica. Isso, em vez de enviar os neutrófilos para o combate, inibe a migração dos "soldados" para o foco da infecção.

Durante o estudo, os pesquisadores descobriram que uma proteína existente no próprio sistema imunológico -a citocina IL-33-, injetada em doses altas, é capaz de inibir os efeitos nocivos dos receptores e, com isso, restabelecer a migração de neutrófilos para a inflamação.

"Essa citocina não tem nenhuma capacidade microbicida, ela simplesmente fortalece o sistema imune para que ele próprio consiga controlar a infecção", disse o pesquisador.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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