As 5 fases da inflamação e os 5 sinais cardinais

Por Brunno Câmara - quarta-feira, março 01, 2023

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[Este post foi atualizado em 01 de março de 2023]

A inflamação é um mecanismo de defesa local, exclusivo de tecidos mesenquimais lesados (o tecido conjuntivo, o tecido ósseo e cartilaginoso, os vasos sanguíneos e linfáticos e o tecido muscular).

Ela faz parte de uma resposta biológica complexa a estímulos nocivos aos tecidos, como micro-organismos, células lesadas ou agentes irritantes.

A inflamação é uma reposta protetora e envolve células do sistema imune, como os leucócitos, os vasos sanguíneos e vários mediadores moleculares.

Seus objetivos são os seguintes:

  • Eliminar a causa inicial do dano/lesão
  • Remover restos celulares
  • Iniciar o reparo tecidual

Por ser uma resposta genérica do corpo, é considerada um mecanismo da imunidade inata.

A inflamação pode ser classificada em aguda, que se inicia logo após o dano, e em crônica, que dura meses ou anos. Existem diferenças entre os componentes envolvidos e alterados entre esses dois tipos.

Didaticamente, os fenômenos inflamatórios são divididos em fases. Porém, no organismo, eles acontecem como um processo único e conjunto, o que faz da inflamação um processo dinâmico.

Resumidamente, esses são os cinco sinais cardinais da inflamação:

  • Edema
  • Calor
  • Rubor
  • Dor
  • Perda da função

E essas são as cinco fases da inflamação:

  • Fase irritativa
  • Fase vascular
  • Fase exsudativa
  • Fase degenerativa-necrótica
  • Fase produtiva-reparativa

Agora, vamos aos detalhes e correlações dos eventos inflamatórios agudos.

Inflamação aguda

A inflamação aguda é um processo de curto prazo. Inicia-se logo após o estímulo e cessa após a remoção do estímulo que a desencadeou.

Micro-organismos, alérgenos, toxinas, queimaduras são exemplos de estímulos que desencadeiam esse tipo de inflamação.

Citocinas e quimiocinas promovem a migração de neutrófilos e macrófagos para o sítio de inflamação.

Uma resposta normal saudável é caracterizada pelos cinco sinais cardinais.

O rubor (vermelhidão) e calor ocorrem por causa do fluxo de sangue aumentado no sítio inflamado.

O edema é causado pelo acúmulo de líquidos no local.

A dor é devido à liberação de moléculas como bradicinina e histamina que estimulam as terminações nervosas.

A perda da função tem múltiplas causas.

Como ocorre o processo inflamatório agudo

Fase irritativa

Tudo se inicia com a presença de padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), em caso de infecção, ou com a presença de padrões moleculares associados a danos (DAMPs), em caso de dano tecidual.

Esses PAMPs ou DAMPs ligam-se aos receptores de reconhecimento de padrões (PRRs), presentes nas células residentes do sítio da lesão/infecção, como macrófagos, células dendríticas, histiócitos e mastócitos.

Após essa ligação, as células se ativam e começam a liberar mediadores inflamatórios como aminas vasoativas e eicosanoides.

Fase vascular

Por causa da liberação desses mediadores, ocorre a vasodilatação das arteríolas causando hiperemia local. 

Isso causa o calor e rubor, além de oferta maior de oxigênio e nutrientes, aumentando a atividade metabólica.

Fase exsudativa

Esses mediadores químicos também causam o aumento da permeabilidade capilar. 

O resultado é a formação de exsudato, com passagem de proteínas plasmáticas e líquido para o tecido, causando o edema.

O edema, junto com mediadores como bradicinina, aumentam a sensibilidade à dor.

Ocorre também a exsudação de leucócitos, ou seja, saem dos vasos e migram para o sítio de infecção. Os principais envolvidos são os neutrófilos e monócitos/macrófagos que fazem a fagocitose do agente agressor.

Os fenômenos vasculares e exsudativos são centrais no processo inflamatório.

Fase degenerativa-necrótica

A consequência da ação de células inflamatórias e dos mediadores químicos, além do agente agressor, são principalmente degenerações e necroses teciduais.

Alguns exemplos dessas alterações teciduais, com base no padrão morfológico são:

  • Seroso
  • Fibrinoso
  • Purulento
  • Ulcerado
  • Necrosante
  • Pseudomembranoso
  • Mistos (serofibrinoso etc.)

Fase produtiva-reparativa

Os eventos produtivos estão relacionados à persistência das fases vascular e exsudativa concomitantes aos eventos reparativos.

Entram em ação vários mecanismos anti-inflamatórios também.

Com a diminuição da inflamação e eliminação do agente agressor, os eventos reparativos são:

  • Reabsorção do exsudato
  • Retorno de fagócitos para a circulação
  • Reparo tecidual (regeneração ou cicatrização)

Referências

Patologia Geral do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da USP

Hannoodee S, Nasuruddin DN. Acute Inflammatory Response. [Updated 2022 Nov 14]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK556083/

FM-UFRJ. Inflamação e Reparo. Departamento de Patologia. Acesso em 01/03/2023.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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