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O diagnóstico sorológico das doenças infecciosas é realizado através da pesquisa e dosagem dos anticorpos das classes IgM e IgG, produzidos pelo organismo em resposta a um agente infeccioso.
Classicamente, o primeiro anticorpo a ser produzido na infecção primária é da classe IgM, sendo, então, acompanhado pela produção de anticorpos da classe IgG.
Os anticorpos IgM ficam presentes por um curto período de tempo, normalmente desaparecendo de três a seis meses após a infecção, enquanto os anticorpos IgG permanecem presentes por longo período, por vezes o resto da vida.
Portanto, a presença de anticorpos IgM é indicativa de infecção aguda ou recente, e a presença somente de IgG, de infecção passada.
Figura - Produção de anticorpos em relação ao tempo
Entretanto, com o desenvolvimento, nos últimos anos, de novas metodologias que apresentam maior sensibilidade para o diagnóstico dos processos infecciosos, esse conceito tem-se alterado devido à possibilidade da detecção de IgM por um período prolongado.
Esses anticorpos IgM, denominados residuais, podem ser detectados, geralmente, em valores baixos, até 18 a 24 meses após a infecção. A sua presença, juntamente com anticorpos IgG, por vezes, dificulta a interpretação do tempo de infecção. Além disso, os anticorpos IgM podem ser detectados na reinfecção ou reativação de processos infecciosos, bem como em reações cruzadas.
Recentemente, foi desenvolvido um método de ensaio imunoenzimático capaz de diferenciar infecção recente de infecção passada, com a presença de IgM residual, através da avaliação da capacidade de ligação dos anticorpos IgG. Tal capacidade de ligação, denominada avidez, é diretamente proporcional ao tempo de infecção.
Em quadros infecciosos com até três a quatro meses de evolução, a IgG apresenta uma baixa avidez, enquanto que, em infecções com mais de quatro meses de evolução, os anticorpos IgG apresentam alta avidez. Em algumas situações, os anticorpos IgG podem apresentar uma avidez intermediária, o que impossibilita a definição segura do tempo de infecção.
O teste de avidez para anticorpos IgG tem grande importância, principalmente em pacientes grávidas que apresentam simultaneamente anticorpos das classes IgM e IgG no exame pré-natal para as doenças infecciosas que podem acometer o feto. Nessa situação, a determinação do tempo de infecção é de extrema importância, pois pode definir a necessidade de tratamento caso a infecção tenha ocorrido durante a gravidez, como no caso da toxoplasmose, ou tranquilizar a gestante e o médico, caso a infecção tenha ocorrido antes da gravidez.
Embora o teste de avidez já tenha sido utilizado no diagnóstico de numerosas doenças infecciosas, hoje a sua maior aplicação é no diagnóstico da toxoplasmose, rubéola e citomegalovirose, principalmente em pacientes gestantes.
EXPERIMENTO
Para comprovar, em nossa população, os dados da literatura que demonstram a utilidade do teste de avidez dos anticorpos IgG na definição do tempo de infecção na toxoplasmose, foi realizado no Sérgio Franco o trabalho The Value of the IgG Avidity for the Diagnostic of Acute infection by Toxoplasma gondii, apresentado no 54º Congresso da Associação Americana de Química Clínica (AACC), realizado em Orlando, FL, EUA, em 2002, resumido em seguida:
Foram selecionados 56 soros, divididos em três grupos. Todos os soros foram avaliados utilizando-se os kits VIDAS® Toxo IgG Avidez, VIDAS® Toxo IgG e VIDAS® Toxo IgM.
Grupo I:
12 soros de pacientes com quadro infeccioso agudo recente de toxoplasmose, inferior a três meses de duração, com anticorpos IgG e IgM presentes.
Grupo II:
29 soros de pacientes sem quadro infeccioso agudo de toxoplasmose, em 18 meses, com anticorpos IgG e IgM presentes.
Grupo III:
15 soros de pacientes sem quadro infeccioso agudo de toxoplasmose, em 18 meses, com anticorpos IgG presentes e anticorpos IgM ausentes.
RESULTADOS
Grupo I:
100% dos soros com baixa avidez dos anticorpos IgG;
Grupo II:
93,1% dos soros com alta avidez dos anticorpos IgG e 6,9% dos soros com avidez intermediária;
Grupo III:
100% dos soros com alta avidez dos anticorpos IgG.
CONCLUSÃO
Todos os soros de pacientes com evidência de infecção recente apresentaram baixa avidez de IgG. Mesmo com a presença concomitante de anticorpos IgG e IgM, a avidez da IgG nunca foi baixa nos soros de pacientes sem evidência de infecção nos 18 meses anteriores. Esses dados sugerem que o teste de avidez é suficientemente sensível e específico, sendo útil para elucidar o tempo de infecção e ajudar os médicos com uma ferramenta útil para um diagnóstico mais preciso da toxoplasmose.