Primeiro caso de identificação criminal através do DNA

Por Brunno Câmara - sexta-feira, janeiro 25, 2013

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Em 1983, no vilarejo de Narborough, no condado de Leicestershire, Inglaterra, alguém achou o corpo de Lynda Mann, de 15 anos. A polícia concluiu que ela tinha sido estuprada e assassinada logo em seguida, e colheu amostras do sêmen deixado no corpo da vítima pelo estuprador.

Em 1986, a polícia achou o corpo da jovem Dawn Ashcroft, também de 15 anos, nos arredores do vilarejo de Enderby, perto de Narborough. Ela havia sido estuprada e assassinada do mesmo jeito que Lynda Mann, ou seja, de mesmo modus operandi.

  
                Lynda Mann                   Dawn Ashworth

De novo, a polícia coletou amostras do sêmen do estuprador. Um sujeito esquisito, Richard Buckland, confessou os dois crimes e foi preso.


Alec Jeffreys/Wikipédia

No condado vivia o médico e geneticista Alec Jeffreys (63), professor na Universidade de Leicester. Um ano antes, em 1985, Alec havia publicado um artigo na revista Nature, no qual tratava de certas regiões do DNA. Alec chamou essas regiões de minissatélites, e escreveu que, por meio delas, um especialista poderia identificar uma pessoa com “quase 100% de certeza”. Ele também chamou essas regiões de “impressões digitais de DNA” (DNA fingerprinting).

A polícia conversou com Alec, e ele realizou exames de DNA com amostras do sêmen dos dois estupradores e de Richard Buckland, o réu confesso. Descobriu que as amostras pertenciam ao mesmo homem, mas que esse homem não poderia ser Richard Buckland.

Parece que o esquisitão só queria publicidade, e conseguiu: entrou para a história como o primeiro inocente a se ver livre da cadeia por conta de um exame de DNA.

As autoridades de Narborough simularam uma campanha de doação de sangue, e o médico Alec Jeffreys pôde analisar o DNA de 3.600 homens — toda a população masculina do lugar, com idade entre 14 anos e 40 anos. Segundo Alec, nenhum daqueles homens podia ser o estuprador.

Em 1988, uma mulher contou à polícia que tinha ouvido uma conversa, na qual Ian Kelly, um funcionário de uma padaria de Narborough, disse que, na campanha de doação de sangue de dois anos antes, ele havia entrado na fila para doar sangue no lugar de um colega padeiro, chamado Colin Pitchfork.


Colin Pitchfork/Murderpedia

Então, as autoridades tinham exames de DNA de Ian Kelly marcadas como se fossem de Colin Pitchfork. A polícia foi atrás de Colin, que não teve escapatória senão fornecer seu próprio sangue para um exame de DNA. Os resultados mostraram que o estuprador e Colin eram a mesma pessoa. Colin confessou os crimes, e entrou para a história como o primeiro homem a ser condenado por causa de um exame de DNA.

Isso daria um filme, e dos bons!

Fonte: Revista Cálculo

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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