A verdade por trás da descoberta da estrutura do DNA
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No dia 28 de fevereiro de 1953 (60 anos atrás) dois cientistas da Universidade de Cambridge fizeram uma descoberta que mudaria a genética para sempre. James Watson e Francis Crick descobriram que a estrutura do DNA era uma dupla hélice e tudo então fez sentido. Os dois ganharam nada mais nada menos que o Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia de 1962 e ficaram mundialmente conhecidos. Essa história você já conhece, certo?!
O que muitos não sabem foi o que aconteceu nos bastidores dessa descoberta. Você já ouviu o ditado “papagaio come o milho e periquito leva a fama”? Foi isso o que aconteceu na época.
Erwin Chargaff (1905-2002)
O primeiro injustiçado, foi o bioquímico Erwin Chargaff, que realizou pesquisas sobre a composição do DNA. Ele descobriu que a composição de nucleotídeos do DNA variava entre as espécies, isto é, os mesmos nucleotídeos não se repetiam na mesma ordem como proposto por outro pesquisador.
Ele também demonstrou que a quantidade de adenina (A) é sempre similar à quantidade de timina (T), enquanto a quantidade de citosina (C) é similar à de guanina (G). Em outras palavras, Chargaff descobriu que o total de purinas (A+G) e o total de pirimidinas (C+T) eram geralmente iguais (A+G=C+T). Essas descobertas foram essenciais para Watson e Crick montarem o modelo de DNA, como é conhecido hoje.
Maurice Wilkins foi o responsável pelo interesse de Watson e Crick na molécula de DNA. Logo após, Rosalind Franklin chegou à universidade para trabalhar com difração de raio-x, juntamente com ele. Wilkins tinha a suspeita que o DNA era helicoidal e falou isso para Watson e Crick, que usaram essa informação para tentar montar um modelo da estrutura.
Rosalind Franklin (1920-1958)
No congresso, em 1951, Rosalind Franklin sem saber estava contribuindo para a elucidação do modelo que seria proposto por Watson e Crick, que estavam presentes na plateia. Ela apresentou as duas formas do DNA, o DNA tipo A e o DNA tipo B, e que a posição dos fosfatos estava localizada na parte externa da molécula.
Foto 51
Outra contribuição foi a fotografia do DNA tipo B, feita por difração de raio-x (conhecida como a foto 51). Essa fotografia foi mostrada a Watson por Maurice Wilkins sem a permissão de Rosalind. Ela morreu em 1958 por causa da radiação utilizada em seus trabalhos e não pode ganhar o Nobel em 62.
Linus Pauling (1901-1994)
Outro cientista envolvido foi Linus Pauling, que quase descobriu como era a estrutura da molécula de DNA. O erro que ele cometeu foi não colocar as bases nitrogenadas no meio da molécula. Se ele tivesse visto a difração de raio-x de Rosalind Franklin possivelmente seria o ganhador do Nobel.
Quando ele tentou ver a fotografia feita por Rosalind num congresso na Inglaterra, o seu passaporte foi retido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, sob a suspeita de ter simpatias pelo comunismo, e com isso não conseguiu sair do país.
Moral da história
Sabendo que Pauling estava trabalhando com DNA e tinha submetido um modelo de DNA para publicação, Watson e Crick fizeram um grande esforço para deduzir a estrutura do DNA. Crick conseguiu acesso, através de seu supervisor, a um artigo em desenvolvimento com informações úteis de Rosalind sobre características do DNA que ela tinha descoberto através da difração de raio-x.
Watson and Crick publicaram o modelo proposto por eles em um artigo na Nature em 25 de abril de 1953. Nesse artigo eles reconhecem que foram “estimulados” por resultados não publicados e ideias de Wilkins and Franklin.
Ou seja, Watson and Crick não fizeram nenhum experimento. Apenas pegaram resultados de outros pesquisadores, juntaram e propuseram o modelo, que foi aceito.
Esperteza ou falta de ética? Você acha que eles mereceram o prêmio?