Entendendo os anticoagulantes: Heparina

Por Brunno Câmara - quinta-feira, fevereiro 13, 2014

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Imagem: SYSMEX

Hoje vamos conhecer mais sobre a heparina. Veja os outros anticoagulantes aqui: EDTA, Fluoreto de Sódio, Citrato de Sódio.

A heparina é um glicosaminoglicano (ou mucopolissacarídeo), que são longas cadeias de carboidratos complexos, formadas por unidades de dissacarídeos. Por causa dessa conformação é possível a formação de várias moléculas com tamanhos e sequências diferentes.

Uma característica que distingue a heparina dos demais glicosaminoglicanos é que ela possui uma alta proporção incomum de unidades de dissacarídeos sulfatados. O efeito anticoagulante vem de um pentassacarídeo sulfatado presente em 30% das moléculas de heparina.

É esse pentassacarídeo sulfatado que liga-se à antitrombina III, responsável por inibir a atividade de diversos fatores da coagulação, incluindo os fatores XIa, Xa, IXa e trombina.

Heparina utilizada in vitro

A heparina é usada na forma de sais de sódio, potássio, lítio e amônia. No laboratório a forma recomendada e mais comumente utilizada é a heparina de lítio.

Em muitos exames não há diferença significante no resultado, se comparado o uso do anticoagulante com o uso do soro. Nesses casos a anticoagulação não é essencial mas fornece uma maneira mais rápida e conveniente de se separar a parte líquida da parte sólida do sangue.

Em contraste, existem alguns parâmetros que só podem ser dosados numa amostra de sangue total. Para esses testes, que incluem pH, pCO2, pO2 e alguns eletrólitos, uma amostra de sangue anticoagulada é essencial (a não ser que o teste seja realizado nos dois primeiros minutos depois da coleta). A heparina é o anticoagulante de escolha da gasometria.

O uso do sangue heparinizado não é indicado para realização de hemograma, pois altera a morfologia e coloração dos leucócitos com os corantes de rotina e ainda permite a formação de agregados plaquetários.

Heparina utilizada in vivo

Desde 1930, a heparina é utiliza terapeuticamente para diminuir a coagulação do sangue de forma artificial. Ela não é absorvida pelo trato gastrointestinal, então deve ser administrada via injeções subcutâneas ou intravenosas.

Apesar de suas limitações, a heparina continua sendo uma das drogas antitrombóticas mais prescritas, usada principalmente para o tratamento e prevenção de trombose venosa e embolismo pulmonar.

Referências: LABTEST – Guia Técnico: Coagulação, 2009.
Higgins, C. The use of Heparin in preparing samples for blood-gas analysis. Medical Laboratory Observer. 2007.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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