Leucocitose com presença de blastos

Por Brunno Câmara - terça-feira, fevereiro 03, 2015

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Leucocitose com presença de blastos

A Leucocitose é definida como um aumento na quantidade de leucócitos na circulação sanguínea. É um achado comum em uma grande variedade de doenças, benignas e malignas. A análise cuidadosa da contagem global e das características morfológicas são muito importantes para guiar um melhor diagnóstico e acompanhamento médico.

Presença de blastos

O principal diferencial numa lâmina com blastos é leucemia aguda, mas outras condições podem ser associadas com blastos circulantes. A presença de mais de 20% de blastos no sangue periférico é diagnóstico de leucemia aguda, porém uma baixa contagem de blastos não a exclui.

O primeiro passo na análise é examinar as características específicas das linhagens dos blastos, ou seja, se são de origem mieloide ou linfoide.

Linfoblastos

lymphoblasts-extra
Linfoblastos

Linfoblastos apresentam uma gama de aparências, desde pequenos e médios com citoplasma escasso e cromatina condensada, a grandes com citoplasma abundante, moderadamente azul ou azul acinzentado e cromatina frouxa com nucléolos proeminentes.

O núcleo pode ser redondo e regular ou convoluto e irregular. Pode haver vacúolos citoplasmáticos, e raramente, grânulos.

Mieloblastos

Mieloblasto
Mieloblasto

Mieloblastos tendem a ser maiores, com citoplasma abundante. Se tiverem diferenciação mínima, podem ser similares aos linfoblastos.

A presença de bastões de Auer e grânulos citoplasmáticos sugerem fortemente uma diferenciação mieloide. A leucemia promielocítica aguda com translocação t(15;17) é associada com células hipergranulares e bastões de Auer.

Bastões de auer
Bastões de auer

Uma contagem baixa de blastos pode ser encontrada em neoplasias mieloides crônicas, como síndromes mielodisplásicas, neoplasias mieloproliferativas e a sobreposição das duas.

Outras condições

Danos à medula óssea ou infiltração por fibrose, infecção e metástases podem ser associadas com células circulantes imaturas, incluindo blastos e eritroblastos (leucoeritroblastose).

Vale ressaltar que há considerável sobreposição de morfologias entre linfoblastos e mieloblastos, e que somente a morfologia pode não ser definitiva, sendo necessários exames mais complexos, como a imunofenotipagem e biologia molecular, para um diagnóstico preciso.

D. S. CHABOT-RICHARDS, T. I. GEORGE. Leukocytosis. Int. Jnl. Lab. Hem. 2014, 36, 279–288

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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