Conhecendo a história do analista clínico

Por Brunno Câmara - segunda-feira, abril 13, 2015

Antes de continuar a leitura do texto, quero te convidar para conhecer meus cursos:

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Fonte da imagem: imgkid.com

A medicina laboratorial existe como parte da área da saúde há quase cem anos. Inicialmente médicos patologistas e pesquisadores acadêmicos treinavam pessoas para fazer procedimentos sob sua supervisão. Em meados de 1920, assim que esses procedimentos adquiriram aplicações clínicas, países industrializados estabeleceram programas de treinamento formal básico.

Nessa época, o número limitado de técnicas laboratoriais era baseado em metodologias manuais e realizado por um auxiliar que tinha pouca ou nenhuma educação técnica ou teórica. Esses trabalhadores eram dirigidos e supervisionados por um médico patologista, que recebia os pedidos de exames dos médicos dos pacientes.

Em muitos países desenvolvidos, no final dos anos 20, treinamentos e programas educacionais para técnicos e auxiliares de laboratório foram criados. No final dos anos 40, técnicas de análises laboratoriais e os resultados dos exames foram estabelecidos em hospitais como parte da prática da medicina e área da saúde.

Nos anos 50 e 60, a explosão de conhecimento nas áreas biológicas e ciências clínicas, o desenvolvimento da automação e técnicas laboratoriais mais sofisticadas, o crescimento expressivo da gama de testes oferecidos e o aumento do número de laboratórios clínicos, mostraram a necessidade de criação de programas de análises clínicas bem definidos e mais academicamente organizados.

O que começou como um programa de treinamento na bancada dos laboratórios com palestras formais, rapidamente tornou-se um curso com currículo organizado nas instituições de ensino. O conteúdo aplicou princípios da biociência (biologia, química, física, matemática, estatística, anatomia e fisiologia) e técnicas manuais/automatizadas com controle de qualidade assegurados antes da liberação dos resultados dos testes.

Níveis de educação

Houve um desenvolvimento contínuo do nível acadêmico da profissão; partindo do auxiliar, passando pelo técnico, pelo tecnólogo e chegando ao cientista. Como resultado, os requisitos profissionais avançaram com o tempo, chegando aos programas de mestrado e doutorado nos últimos 30 anos.

Nos países desenvolvidos, onde programas de certificação de profissionais para trabalhar nas análises clínicas ainda existem, a regra geral tem sido o estabelecimento de caminhos acadêmicos para permitir que profissionais tenham acesso às instituições acadêmicas. Isso fornece oportunidades aos portadores desses diplomas para começar um bacharelado e seguir para mestrado e doutorado.

Em países em desenvolvimento o nível de conhecimento, educação e competências dos profissionais das análises clínicas variam consideravelmente, dependendo do grau de desenvolvimento da medicina, da disponibilidade de profissionais e do ambiente econômico. Hoje, a maioria dos profissionais da área possuem bacharelado, como é o caso do Brasil, com biomédicos, farmacêuticos e biólogos sendo os profissionais de excelência.

Vejamos como a patologia clínica está organizada em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil.

Auxiliar e Técnico

Educação: geralmente auxiliares e técnicos de laboratório têm Ensino Médio completo e conhecimentos científico e teórico limitados. Fazem cursos técnicos para aprender a realizar os testes, mas sem aprofundar na parte teórica. A maior parte do treinamento é na bancada ou no trabalho em laboratórios.

Atuação: realizam desde a coleta, preparação do material até a execução dos testes, sempre sob a supervisão de um profissional de nível superior.

Bacharel

Educação: o conhecimento inclui uma experiência ampla, mas sólida, nas ciências básicas, os princípios e técnicas de inúmeros procedimentos, um alto nível de habilidades na realização de determinados exames, avaliação contínua dos controles de qualidade e conhecimento básico em administração.

Atuação: integração da informação e interpretação dos resultados como um cientista; utilização dos conhecimentos sobre as técnicas e aplicação dos equipamentos, garantindo práticas seguras e também o controle de qualidade. Pode também desenvolver pesquisas.

Mestre

Educação: o mestrado garante o desenvolvimento de habilidades de alto nível em uma disciplina específica da profissão.

Atuação: são qualificados para gerir laboratórios ou ser responsável por uma seção inteira, podem ser consultores, palestrantes, professores, pesquisadores, administradores e trabalhar na indústria.

Doutor

Educação: o doutorado é focado no desenvolvimento de habilidades de pesquisa na área.

Atuação: descobrem novos marcadores biológicos e desenvolvem novos métodos mais modernos de diagnóstico. Podem assumir chefias, lecionar em universidades de ponta e realizar as mesmas atividades dos níveis anteriores.

Com informações de International Federation of Biomedical Laboratory Science

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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