Entrevista sobre Reprodução Humana Assistida com a Biomédica Aline Bomfim
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Confira a entrevista com a Biomédica Aline Bomfim que atua na área de Reprodução Humana Assistida.
Conte-nos um pouco da sua trajetória acadêmica e profissional.
Aline Bomfim: Eu me formei em 2011 na Faculdade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC em Ipatinga/MG, o que foi um grande privilégio ter o curso de Biomedicina na cidade onde eu morava. Fiz minha especialização em Reprodução Humana Assistida na Associação Instituto Sapientiae em São Paulo/SP, um curso de 12 meses, concluído em 2012, em uma instituição de renome na área, o que fez valer o esforço das viagens mensais para São Paulo. Durante a especialização, iniciei um estágio na Clínica Pró Vida Medicina Reprodutiva em Ipatinga/MG, onde trabalhei por dois anos com uma excelente equipe de profissionais e adquiri toda experiência que tenho hoje na área. Porém, sempre tive muita afinidade pela área acadêmica, o que me fez buscar algo a mais para minha carreira, foi então que em 2014 me mudei para Ribeirão Preto/SP para iniciar meu mestrado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
Como você conheceu a área de RHA?
Aline Bomfim: Eu conheci a Reprodução Humana Assistida (RHA) em um curso sobre a área durante a graduação e foi “amor à primeira vista”, fiquei encantada com a possibilidade de poder ajudar as pessoas a realizarem o sonho de ter filho. Naquele momento tudo ainda era muito novo pra mim, mas ao mesmo tempo fascinante, pois ainda não tinha nenhuma área na Biomedicina que me interessava verdadeiramente. Desde então procurei me informar à respeito de locais de especialização, custos, remuneração, mercado de trabalho, me preparando para que ao final da graduação logo conseguisse seguir esse caminho.
Quais são as atribuições do biomédico nessa área?
Aline Bomfim: As atribuições do biomédico nessa área são diversas, desde a realização de um espermograma, até o acompanhamento do desenvolvimento embrionário. Na RHA, na maioria das vezes, os laboratórios se dividem em Andrologia e Embriologia, que são responsáveis pela realização de exames que avaliam a qualidade do sêmen, e a manipulação de gametas e embriões, respectivamente. Os profissionais da área, chamados Embriologistas, podem atuar em um dos laboratórios ou em ambos, dependendo da organização de cada clínica.
No laboratório de Andrologia, o exame mais rotineiro é o espermograma, que avalia características relevantes do sêmen. Além disso, é realizado o preparo do sêmen para as técnicas de RHA e uma série de testes funcionais que não são necessariamente realizados na rotina laboratorial, mas são úteis em certos casos diagnósticos e podem ser feitos em algumas clínicas. No laboratório de Embriologia, procura-se mimetizar in vivo o que acontece in vitro, portanto é um local que depende de um rigoroso controle de qualidade, pois ocorre a micromanipulação de gametas masculino e feminino, a fim de realizar a fertilização e o desenvolvimento de um embrião, até o momento da sua transferência para o útero da mulher.
O que o biomédico não pode fazer na RHA?
Aline Bomfim: O biomédico não pode fazer na RHA os procedimentos clínicos que são de competência médica. Para iniciar o tratamento, o médico avalia o casal a fim de encontrar a causa da infertilidade, para tanto se solicita uma série de exames, em sua maioria de responsabilidade médica. A partir daí, o médico indica o melhor tipo de tratamento para o paciente, que começa com intervenções farmacológicas, clínicas ou até mesmo cirúrgicas, todas acompanhados pelo médico até o dia do procedimento, que pode ser de baixa complexidade com o depósito dos espermatozoides dentro do útero, ou de alta complexidade com a retirada dos óvulos de dentro da mulher e ao final a transferência dos embriões para o útero. Também é de responsabilidade médica acompanhar o resultado do teste de gravidez e a confirmação por meio de ultrassonografia.
Você considera a RHA um campo ainda muito fechado para o biomédico?
Aline Bomfim: Acredito que a RHA já foi um campo fechado para o biomédico, porém atualmente com a saturação de algumas especialidades biomédicas, acompanhada do aumento da procura de tratamento de RHA por pessoas em busca do sonho de ter um filho, aumentou a demanda de profissionais especializados na área e, consequentemente, a abertura para profissionais competentes, como os biomédicos, para assumir os laboratórios de RHA. Como prova disso, felizmente, algumas faculdades têm inserido disciplinas relacionadas à grade curricular e têm aumentado o número de palestras sobre a área em eventos acadêmicos, para que os alunos conheçam e despertem interesse pela RHA.
Como é o mercado de trabalho e qual a forma de inserção do biomédico nessa área?
Aline Bomfim: O mercado de trabalho na RHA é otimista em relação as outras áreas mais procuradas pelos biomédicos, como a de análises clínicas por exemplo. Mas, ao mesmo tempo, ele exige um profissional especializado e capacitado para exercer a profissão. Portanto, acredito que a melhor forma de inserção do biomédico nessa área é, primeiramente, através de um curso de pós-graduação lato sensu, que possibilita uma formação teórica e prática a respeito de todas atribuições de competência biomédica, seguida de uma pós-graduação stricto sensu, se possível, para aprofundar o conhecimento sobre um determinado assunto da área e estar próximo da literatura, assim como das tecnologias mais recentes.
Que dicas você dá para quem quer seguir nessa área?
Aline Bomfim: Para quem quer seguir essa área, eu aconselho, primeiramente, procurar saber melhor a respeito antes de se especializar, pois apesar de ser uma profissão fascinante e muito gratificante, exige muita dedicação do profissional, pois trabalhamos em finais de semana, feriados e muitas vezes em horários fora do habitual.
Lidamos com estruturas delicadas, gametas e embriões, que exigem cuidados especiais, muitos dos quais com dia e horário devidamente marcado para determinado procedimento ou avaliação. Como assim? Lembrando que mimetizamos in vivo o que acontece in vitro, portanto procuramos fidelizar ao máximo em laboratório o que aconteceria em determinado período dentro do ambiente intrauterino.
Além disso, eu aconselho muita determinação e força de vontade, para estar sempre em busca de aperfeiçoamento e atualização, pois só assim nos tornamos um profissional competente e reconhecido. E, apesar de tudo, eu afirmo que vale a pena o esforço, e quem realmente tem interesse pela área, ao ver um lindo embrião se desenvolvendo ou um teste de gravidez positivo, irá concordar comigo.
Qual a sensação de saber que você está ajudando casais a realizar o sonho de ter um (ou mais) filho?
Aline Bomfim: A sensação de saber que está ajudando casais a realizar o sonho de ter filho é sensacional! Ver a criança, após seu nascimento, que você ajudou em sua formação, é mais sensacional ainda! E é essa sensação que nos impulsiona a tentarmos ser cada vez melhores no que fazemos, que renova os ânimos e nos dá mais gás para continuar tentando e ajudando cada vez mais pessoas a realizarem esse sonho. Realmente sou muito realizada e feliz com a escolha que fiz em seguir essa área.
Fale sobre as palestras e cursos que você oferece sobre o tema.
Aline Bomfim: Desde 2012, ministro palestras sobre RHA e minicursos de espermograma em eventos acadêmicos e cursos da área da saúde, em todo o Brasil. Aos interessados, podem entrar em contato através do e-mail: alinebs@msn.com.
Suas considerações finais.
Aline Bomfim: Agradeço imensamente a oportunidade, é sempre um prazer falar sobre a minha área. E melhor ainda é saber que a partir do compartilhamento de nossas experiências, podemos contribuir na decisão de um futuro profissional. Desejo muito sucesso na carreira de todos atuais e futuros profissionais Biomédicos Embriologistas de nosso país.