Pesquisadores utilizam anticorpos na terapia do HIV

Por Brunno Câmara - segunda-feira, julho 11, 2016

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HIV atacando Linfócito T

O desenvolvimento da terapia antirretroviral transformou o tratamento da infecção pelo HIV. O que antes era uma sentença de morte agora é uma condição crônica com a qual as pessoas podem viver por décadas.

Porém, existem algumas desvantagens nessa terapia. Há efeitos colaterais, incluindo problemas renais, diminuição da densidade óssea e problemas gastrointestinais. E se a pessoa descontinuar o tratamento, ou mesmo perder algumas doses, os níveis do vírus no corpo podem aumentar rapidamente.


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Pesquisadores da Rockefeller University, EUA, estão desenvolvendo um novo tipo de tratamento com uma droga baseada em anticorpos que pode fornecer uma melhor estratégia a longo prazo no controle do HIV. Os resultados das pesquisas foram publicados numa série de artigos nos periódicos Nature e Science.

Neutralizando um vírus mortal

O nome da molécula utilizada na pesquisa é 3BNC117, um anticorpo de ampla neutralização (em inglês bNAbs, de "broadly neutralizing antibodies"), pois tem a habilidade de combater uma grande variedade de cepas do HIV.

Ele foi isolado há vários anos, de um paciente HIV positivo cujo sistema imune tinha uma habilidade excepcional de neutralizar a viremia, através do bloqueio da infecção e da destruição dos linfócitos T CD4. Os alvos do anticorpo são vários sítios da proteína gp160, do envelope do HIV-1, onde o linfócito T CD4 se liga.

Estudos iniciais mostraram que o 3BNC117 pode neutralizar mais de 80% das cepas de HIV encontradas no mundo.

Estudo Clínico - Fase I

Esse estudo incluiu 15 pacientes que tinham altos níveis do vírus no sangue e outros 12 cuja viremia estava sendo controlada com antirretrovirais. Eles foram infundidos com uma única dose do anticorpo e houve monitoração por seis meses.

Desses 15 pacientes, 14 estavam produzindo novos anticorpos que eram capazes que neutralizar diferentes cepas de HIV. No grupo controle, não foi observada mudança na atividade neutralizante.

Geralmente, o desenvolvimento de uma ampla neutralização sorológica durante a infecção pelo HIV-1 ocorre vários anos após a infecção.

O estudo evidenciou que uma única dose do anticorpo estimula o sistema imune do paciente, fazendo com que sejam produzidos novos e melhores anticorpos contra o HIV-1.

Estudo Clínico - Fase II

Já em um estudo clínico Fase II, 13 pacientes HIV-1 positivos, sabidamente sensíveis ao 3BNC117, interromperam o tratamento antirretroviral para participar da pesquisa, o que é eticamente delicado pois eles substituíram uma terapia que funciona por outra ainda em pesquisa.

Na maioria desses indivíduos, depois de um tempo de tratamento (de 5 a 9 semanas), foi observado um aumento da resistência ao anticorpo, com elevação dos níveis de vírus, indicando escape. Porém, 30% dos pacientes continuaram suprimidos (com carga viral baixa) até que a concentração do anticorpo ficasse menor que 20 μg/mL.

Os pesquisadores concluíram que a administração do anticorpo exerce forte pressão seletiva no HIV-1 em pacientes que interromperam o tratamento antirretroviral. Eles também especulam que é necessário a combinação de alguns anticorpos neutralizantes diferentes para manter a supressão do vírus nesses pacientes, como é feito na terapia antirretroviral atual, onde são combinadas várias drogas.

Artigos

Caskey, M. et al. Viraemia suppressed in HIV-1-infected humans by broadly neutralizing antibody 3BNC117. Nature, 2015.

Scheid, JF. et al. HIV-1 antibody 3BNC117 suppresses viral rebound in humans during treatment interruption. Nature, 2016.

T. Schoofs et al. HIV-1 therapy with monoclonal antibody 3BNC117 elicits host immune responses against HIV-1. Science, 2016.

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Fonte: newswire.rockefeller.edu | Imagem: National Institutes of Health

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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