Agonismo e antagonismo molecular

Por Brunno Câmara - terça-feira, agosto 16, 2016

Antes de continuar a leitura do texto, quero te convidar para conhecer meus cursos:

Continue agora com a sua leitura do texto. Espero que goste.

Texto escrito por Carolina Nobre

Você sente até calafrios quando ouve falar em farmacologia ou fisiologia? Muitos cursos de Biomedicina tem a disciplina de farmacologia básica, e alguns até a médica, sem contar a fisiologia que depende muito dessas disciplinas.

Hoje, vamos conhecer os conceitos de agonismo e antagonismo.

Primeiro, imaginemos uma célula com uma proteína de membrana que age como um receptor, ou seja, determinadas moléculas específicas se ligam a ele para que uma resposta intracelular seja desencadeada e então, exercer o efeito desejado.

Essas moléculas que se ligam ao receptor podem exercer atividades agonistas ou antagonistas.

Uma forma mais fácil de entender esse princípio é pensando em algo que os nossos colegas educadores físicos sabem bem. Para que os nossos movimentos sejam coordenados, temos músculos que também são agonistas e antagonistas. Dessa forma, o músculo agonista é aquele que favorece o movimento, e o antagonista é o que exerce a ação “antagônica”, ou seja, contrária ao movimento, atuando ambos em direções opostas.

Por exemplo, toque no seu ombro direito com a mão direita. Perceba que o bíceps neste caso, é o músculo agonista, uma vez que favorece o movimento, e o tríceps é o antagonista.

Dessa forma, uma vez que entendemos este principio, fica fácil entender as definições.

Agonista é uma determinada molécula que se liga através de interações químicas a um determinado receptor (que pode ser específico para esta molécula ou não), e desencadeia respostas celulares a fim de exercer um determinado efeito.

Como exemplo, temos que na junção neuromuscular, quando há uma liberação de acetilcolina na fenda sináptica, ela se liga aos seus receptores (que neste caso, são chamados de nicotínicos), promovendo a abertura de canais de sódio do tipo voltagem-dependente, gerando um potencial de ação que se propaga ao longo do sarcolema e tendo como consequência a liberação de Ca2+ do retículo sarcoplasmático para que ocorra a contração muscular.

Já o antagonista é uma molécula que vai se ligar a este receptor e impedir que a célula desencadeie toda essa resposta.

Tipos de antagonismos

E para para exercer tal função, temos diversos tipos de antagonismo:

Antagonismo competitivo – a molécula atua se ligando no mesmo sítio de ligação do receptor que o agonista se ligaria. Assim, ele ocupa o espaço e não deixa que ocorra a ligação agonista/receptor.

Antagonismo alostérico – toda proteína possui um sítio ativo, que é o local onde ela reconhece o seu substrato. Como os receptores (neste caso), são proteínas transmembrana, o antagonismo alostérico acontece quando uma molécula se liga em outro local da proteína (que não seja o sítio ativo), provocando uma mudança na conformação da estrutura proteica, o que faz com que ocorra uma redução da afinidade do receptor pelo agonista.

Antagonismo parcial – a molécula se liga a poucos receptores que são bastante específicos para ela, porém outros receptores não tão específicos ficam livres. Dessa forma, o efeito do agonista não é completamente anulado. Já o agonista total atua em diversos tipos de receptores, fazendo com que os efeitos do agonista não sejam manifestados.

Antagonismo reversível –  o efeito das moléculas antagonistas é revertido quando há grandes quantidades de moléculas agonistas; já no antagonismo irreversível há inibição do efeito dos agonistas, independentemente da quantidade desses.

Agonismo inverso

Temos também um conceito um pouco mais complicado de entender, que é o agonismo inverso.

Primeiramente, precisamos lembrar que as células estão funcionando a todo o momento, ocorrendo o que chamamos de atividade constitutiva do receptor, em que mesmo na ausência de qualquer ligante, ele desempenha funções basais.

Digamos que um fármaco que atua como agonista liga-se a esse receptor; o efeito dessa ligação seria aumentar essa atividade constitutiva, e o antagonista iria mantê-la em níveis basais.

O agonista inverso seria a molécula que diminuiria ainda mais a atividade basal, fazendo com que a célula exerça determinadas tarefas com níveis abaixo do basal e, de certa forma, também ocuparia o sítio de ligação do agonista.

Como vimos, muitas moléculas endógenas do nosso organismo, e determinados fármacos, vão agir em todas as células correspondentes para provocar os mais diversos efeitos.

Espero que eu tenha ajudado um pouco. Até a próxima!

Aires, Margarida de Mello. Fisiologia. Guanabara Koogan, 4ª Ed., 2012.

Texto escrito por Carolina Nobre, Biomédica, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Fisiologia e Farmacologia) da Universidade Federal de Goiás.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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