Pesquisa de biomédico usa HIV modificado para tratar tumor cerebral
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Estudo desenvolvido por professor da UFMG, o biomédico Alexander Birbrair, com a colaboração de pesquisadores norte-americanos, sugere uma série de estratégias que, associadas, podem se constituir em promessa terapêutica para eliminar o glioblastoma, tumor cerebral agressivo, que dá ao paciente baixo prognóstico de sobrevivência.
Descrito em artigo publicado neste mês na revista Stem Cells Translational Medicine, o trabalho mostra que é possível fazer as células-tronco neurais derivadas do músculo esquelético chegarem a todas as áreas afetadas – tumor central e seus satélites –, levando vírus modificado por engenharia genética, que produz, de forma contínua, uma droga potente e de eficácia comprovada contra esse tipo de câncer.
"O grande achado da pesquisa foi a descoberta de que uma célula-tronco neural derivada do pericito muscular, célula dos vasos sanguíneos do músculo esquelético, tem atração natural por substâncias produzidas pelo tumor", esclarece Birbrair, do Departamento de Patologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), primeiro autor do artigo.
O vírus modificado é o HIV, que, em estado normal, causaria a AIDS e, quando modificado, perde essa capacidade.
Incluído nessa célula, ele chega às áreas cancerosas, nas quais descarrega o medicamento. Birbrair explica que a barreira hematoencefálica, que protege o cérebro e o isola do resto do organismo, torna-se fator negativo quando se trata de fazer chegar ao local, por via sanguínea, medicamentos que combatam células tumorais. Daí a necessidade de se desenvolver outras estratégias para atingir o tumor.
O artigo recém-publicado demonstra como as células-tronco neurais, em inglês Neural-like stem cells (NLSC), movem-se em direção às regiões afetadas pelo tumor, tanto na área central quanto em suas metástases.
Com o auxílio de proteínas com cores fluorescentes, foi possível acompanhar esse movimento.
"Descobrimos que essas células in vitro tinham afinidade com as substâncias tumorais, mas era preciso observar se no animal elas migrariam para o local correto. Em camundongos, injetamos, em um dos lados do cérebro, as células do câncer, com fluorescência vermelha, e, no outro lado, as células-tronco, em verde. E observamos que estas migravam, procurando aquelas, até mesmo nas áreas com metástase", descreve.
"Toda a pesquisa foi feita em camundongos. Para levar adiante as próximas etapas, incluindo testes pré-clínicos para pacientes com câncer de cérebro, grandes investimentos em pesquisa são necessários e muito bem-vindos", enfatiza Alexander Birbrair.
Ele também pondera que o fato de usar um vírus normalmente patogênico para uma finalidade benéfica abre possibilidades em diversas áreas: "Como tem tropismo para o sistema nervoso central, o vírus da Zika poderia, no futuro, ser usado, por exemplo, para levar drogas a certas regiões do cérebro afetadas por doenças neurodegenerativas."
Artigo: Novel peripherally derived neural-like stem cells as therapeutic carriers for treating glioblastomas <link>
Fonte: Boletim UFMG