Peste Negra: uma infecção bacteriana mortal

Por Brunno Câmara - quarta-feira, março 08, 2017

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Durante o meio de 1300, uma terrível doença conhecida como Peste Negra, se espalhou através de uma grande parte do hemisfério oriental. Ela começou a se propagar da China até a Islândia, deixando uma trilha de devastação.

Entre 1347 e 1350, a Peste Negra infectou quase que a metade da população total da Europa e, também, muitos milhões na Ásia e no Norte da África. Os que eram infectados pela doença, apresentavam febre extremamente alta, dor intensa, tosse com sangue e feridas na pele.

Muitos acreditam que só houve um surto de praga, conhecido como Peste Negra. Porém, o primeiro registro, conhecido como Praga Justiniana, aconteceu no Século VI. O segundo e mais famoso surto, do qual já falamos, foi a Peste Negra. A terceira pandemia, conhecida como Praga Moderna, começou em 1860 na China e depois apareceu em 1894 em Hong Kong. Estima-se que 10 milhões de pessoas morreram.

O surto mais recente de praga foi nos anos 60 e 70, durante a Guerra do Vietnã.

Qual é o agente causador da Peste Negra? Essa é uma pergunta que ficou sem resposta durante muito tempo. Em 1894, o suíço Alexandre Yersin e, quase que ao mesmo tempo, o Japonês Shibasaburo Kitasato, descobriram que o agente causador era um bacilo, inicialmente chamado de Pasteurella pestis. Em 1970, o nome mudou para Yersinia pestis.

Demorou algum tempo para descobrir o mecanismo de transmissão da doença. O cientista P. Simond foi o primeiro a atestar que a manipulação de ratos mortos recentemente poderia ser extremamente perigoso. Em Junho de 1898, após um experimento que mostrava a transmissão da doença de pulgas para os ratos, Simond fez outra grande descoberta.

O nome “Peste Negra” é uma referência à pele das vítimas, que ficava escura devido à necrose. Hoje em dia, nós conhecemos como Praga. De acordo com o CDC, existem três tipos diferentes: a Praga Bubônica, Praga Septicêmica e a Praga Pneumônica.

A transmissão pode ocorrer por roedores e suas pulgas. Nas áreas urbanas ou em lugares com grande infestação de ratos, a Yersinia pestis pode circular entre os ratos e pulgas. O último registro de um surto de praga associada com ratos aconteceu em Los Angeles, EUA, em 1924-1925.

A transmissão mais comum é através de roedores que foram infectados por pulgas contaminadas, porém, é possível se contaminar com fluídos ou tecidos infectados. Também há a possibilidade de infecção por gotículas.

A Y. pestis é uma bactéria gram-negativa e que possui duas moléculas antigênicas que são necessárias para sua patogenicidade e não são expressas em temperaturas menores do que 37ºC.  

Praga Bubônica

Os infectados desenvolvem febre, dores de cabeça, calafrios, fraqueza e linfonodos doloridos. Este tipo de Peste, normalmente, é resultado de uma picada de pulgas infectadas. A bactéria se multiplica nos linfonodos. Se o paciente não for tratado com os antibióticos apropriados, a bactéria pode se disseminar para outras partes do corpo.

Praga Septicêmica

Desenvolvimento de febre, calafrios, fraqueza extrema, dor abdominal e sangramentos na pele e outros órgãos. A pele e outros tecidos podem se tornar escuros e morrer, principalmente nos dedos, dedos do pé e nariz.

Praga Pneumônica

Há desenvolvimento de febre, fraqueza e rápido aparecimento de pneumonia com dor no peito, tosse e mucosa com sangue. É considerada a forma mais grave de Praga e pode se desenvolver a partir de uma Praga Bubônica ou Septicêmica não tratada. Esse é o tipo de praga é 100% letal se não for tratada em até 24 horas.

Como a praga é diagnosticada?

Após a suspeita do médico, é colhido sangue, escarro e aspirado de linfonodo. Os resultados podem ser obtidos em até duas horas, porém, a confirmação pode levar de 24h-48h.

Como a praga é tratada?

Com antibióticos. Os principais são a Doxiciclina, Ciprofloxacina e Levofloxacina.

Existe vacina contra Praga?

Não. Existem vacinas em desenvolvimento, porém, não há prazo para elas serem liberadas para o mercado.

www.biomedcast.com

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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