9 coisas que todo Biomédico deve saber sobre o Vírus Influenza
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O inverno está chegando, e com isso os casos de gripe já começam a aparecer. Em Goiás, já foram registrados 63 casos e 8 mortes pelo vírus influenza H1N1. Além das mortes por H1N1, a Secretaria Estadual de Saúde registrou uma morte por H3N2, outra variação do vírus da Influenza. O órgão ainda investiga outros 26 casos.
Confira a seguir informações importantes que todo biomédico deve saber sobre o vírus influenza e a infecção por ele causada.
1. Tipos de Vírus Influenza
O vírus influenza pertence à família Orthomyxoviridae, existindo quatro tipos: A, B, C e D. Desses, o vírus influenza A é o que causa a doença mais grave e infecta uma variedade de animais, incluindo humanos, porcos, cavalos, mamíferos marinhos e várias espécies de aves.
O tipo A sofre mutações mais rapidamente e exibe um maior grau de variabilidade em sua antigenicidade e virulência do que os outros tipos. Com isso, consegue adaptar-se facilmente aos humanos, levando a uma transmissão pessoa-pessoa de forma sustentada.
2. Estrutura viral
O genoma dos vírus influenza A e B consiste de oito segmentos de RNA fita simples positividade negativa (ssRNA-), enquanto o influenza C possui um genoma de sete segmentos. Todos são envelopados.
Cada segmento codifica para uma das proteínas virais, incluindo as duas principais glicoproteínas de superfície: hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA).
Todos os vírus influenza A são classificados com base nessas glicoproteínas de superfície. A HA é responsável pela ligação ao ácido siálico presente na membrana plasmática do hospedeiro.
A NA é uma glicoproteína integral de membrana possuindo atividade de sialidase, estando envolvida na etapa final do ciclo de replicação e ajuda na liberação dos vírions maduros.
3. Mutações
Os dois principais fatores nas epidemias e pandemias causadas pelo influenza são a deriva genética e a mudança genética.
A deriva genética ocorre devido a mutações pontuais no genoma viral, visto que a RNA polimerase viral, ao contrário da DNA polimerase, não corrige os erros após a adição das bases aumentando a probabilidade de erros no código genético e múltiplas mutações.
A mudança genética ocorre quando duas ou mais estirpes diferentes de influenza infectam a mesma célula em um hospedeiro, levando à recombinação dos materiais genéticos, um evento que ocasionalmente gera uma nova estirpe com uma nova combinação de hemaglutinina e neuraminidase.
Essas mudanças genéticas levam a pandemias quando as novas estirpes adquirem a capacidade de transmissão sustentada entre humanos.
4. Combinação de HA e NA
Até o momento, já foram identificados 18 tipos de hemaglutininas (H1 - H18) e 11 tipos de neuraminidases (N1 - N11).
A maior parte das combinações dos tipos de H e N são encontradas em aves, que servem de reservatórios para os vírus influenza e são um grave risco, pois podem ser infectadas por múltiplas estirpes.
As diferenças entre a afinidade pelos sítios de ligação na célula fazem com que diferentes estirpes do vírus infectem humanos ou aves.
Até o momento, apenas os vírus H1N1, H2N2, H3N2, H5N1, H7N7 e H9N2 são conhecidos por infectarem humanos.
5. Pandemias
Todo ano, a população humana está sob o risco de uma pandemia de influenza, pois o vírus tem uma alta taxa de mutação.
Essas pandemias aconteceram várias vezes, com um intervalo médio de 40 anos entre uma e outra.
As três principais pandemias foram a Gripe Espanhola por H1N1 (1918-19), a Gripe Asiática por H2N2 (1957) e Gripe de Hong Kong por H3N2 (1968-69), o que resultou em uma grande quantidade de mortes.
Em 2009, um novo subtipo de influenza A, H1N1, emergiu e causou a primeira pandemia do século 21, com mais de 4.500 mortes.
6. Transmissão
Os vírus influenza são transmitidos primariamente de uma pessoa para outra por meio de gotículas respiratórias quando a pessoa infectada entra em contato com uma pessoa saudável (cerca de 1 metro).
O vírus pode sobreviver de 24 a 48 horas em superfícies rígidas não porosas, e então pode ser transmitido quando uma pessoa entra em contato com alguma dessas superfícies ou itens contaminados com as gotículas de uma pessoa infectada.
7. Infecção
Uma infecção pelo influenza é caracterizada por aparecimento súbito de febre, calafrios, cefaleia, mal-estar e mialgia, seguidos por sintomas do trato respiratório superior, como rinorreia, tosse, dor de garganta e inflamação do trato respiratório superior.
Além disso, sintomas gastrointestinais como náusea, vômito e diarreia podem estar presentes.
O período de incubação do vírus, desde a infecção até o aparecimento dos sintomas, varia de um a quatro dias, mas em alguns casos pode se estender até sete dias.
Uma pessoa infectada começa a liberar o vírus um dia anterior ao aparecimento dos sintomas, transmitindo a infecção antes de ser isolada, e o vírus continua a ser liberado até que os sintomas acabem.
8. Diagnóstico laboratorial
O vírus pode ser detectado facilmente em amostras clínicas como swab nasal/ e aspirados nasofaríngeos. Há também relatos de sua detecção em urina e fezes de pacientes infectados.
As amostras nasofaríngeas são sempre preferíveis. O melhor momento de coletar o espécime é no segundo ou terceiro dia de sintomas (pico de excreção viral).
Existem diversos métodos para a detecção do influenza, como testes rápidos, cultura viral, sorologia, RT-PCR convencional, RT-PCR em tempo real e testes de imunofluorescência.
A técnica mais sensível e específica para o diagnóstico da infecção é a RT-PCR em tempo real, detectando o RNA viral em poucas horas. Pela técnica também é possível identificar o tipo e subtipo do vírus influenza.
9. Vacina
Apesar de existirem drogas antivirais para o influenza, a administração de vacinas continua sendo a primeira linha para o manejo da doença, pois a prevenção é ainda melhor e possui melhor custo-benefício do que a cura.
A deriva genética no genoma viral fez necessária a formulação de novas vacinas a cada ano, para serem administradas em indivíduos sadios e naqueles com alto risco de complicações antes do início da temporada da doença.
Existem alguns tipos de vacinas para influenza, sendo as principais as que utilizam o vírus inativado e as que utilizam o vírus atenuado.
Para saber mais: Kumar, B., Asha, K., Khanna, M. et al. Arch Virol (2018) 163: 831. https://doi.org/10.1007/s00705-018-3708-y