Leucemia Megacarioblástica Aguda LMA-M7

Por Brunno Câmara - segunda-feira, maio 04, 2020

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A leucemia megacarioblástica aguda (LMAK) é um subtipo da leucemia mieloide aguda (LMA), que acomete os megacariócitos.
Pela classificação FAB, corresponde à LMA-M7, e contém marcadores da linhagem megacariocítica, como CD41, CD42, e CD61.

Para o diagnóstico é necessário encontrar pelo menos 20% de blastos, sendo que 50% ou mais devem ser megacarioblastos.

Geralmente, a LMAK apresenta-se com leucopenia e contagem de plaquetas normal ou aumentada.

Bain, B.J., Chakravorty, S. and Ancliff, P. (2015), Congenital acute megakaryoblastic leukemia. Am. J. Hematol., 90: 963-963. doi:10.1002/ajh.24109

Ela é geralmente subdividida em 3 grupos, baseado nas características da pessoa que tem a doença:

  • Crianças com Síndrome de Down (SD);
  • Crianças sem SD;
  • Adultos sem SD.

Cada uma dessas subcategorias tem um conjunto específico de alterações genéticas que causam ou promovem a doença, e também possui diferentes desfechos.

LMAK associada à SD

Indivíduos com a trissomia do cromossomo 21 possuem risco maior de desenvolver leucemias.

De fato, 95% dos casos de câncer em indivíduos com SD são leucemias.

A principal alteração associada com esse subgrupo é a mutação no gene GATA1.

Esse gene é expresso em megacariócitos, eosinófilos, basófilos e linhagem eritroide, além do progenitor eritroide-megacariocítico (MEP).

Desordem Mieloproliferativa Transitória (DMT)

Pacientes com SD, podem desenvolver uma DMT.

A DMT é caracterizada pelo aumento no número de megacariócitos pequenos e displásicos, e também blastos com características megacariocíticas no sangue periférico e fígado.

Pode ser acompanhada por trombocitopenia, leucopenia e, raramente, anemia. Há também elevada contagem de basófilos e eosinófilos imaturos.

De modo fascinante, a DMT resolve-se espontaneamente na maioria dos pacientes. Porém, cerca de 10-20% dos casos progridem para LMAK.

LMAK sem associação com SD

Nos indivíduos sem SD, a LMAK tem origens genéticas diferentes, causada principalmente por translocações e inversões cromossômicas.

A fusão de oncogenes são recorrentes, e encontrada em mais de 70% dos casos.

As fusões gênicas mais frequentes são:

  • CBFA2T3-GLIS2 (~18%);
  • Rearranjos no gene MLL (~ 17%);
  • Rearranjos no gene HOX (~15%);
  • NUP98-KDM5A (~11%);
  • RBM15-MKL1 (~10%).

Esse grupo de LMAK tem pior prognóstico, quando comparado com aquele associado à SD.

Referências

McNulty M, Crispino JD. Acute Megakaryocytic Leukemia. Cold Spring Harb Perspect Med. 2020;10(2):a034884. Published 2020 Feb 3. doi:10.1101/cshperspect.a034884

Cardin S, Bilodeau M, Roussy M, et al. Human models of NUP98-KDM5A megakaryocytic leukemia in mice contribute to uncovering new biomarkers and therapeutic vulnerabilities. Blood Adv. 2019;3(21):3307‐3321. doi:10.1182/bloodadvances.2019030981

Hahn AW, et al, Acute megakaryocytic leukemia: What have we learned, Blood Rev (2015), http://dx.doi.org/10.1016/j.blre.2015.07.005

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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