Entrevista com a Biomédica Residente Olívia Rizzati

Por Brunno Câmara - segunda-feira, outubro 02, 2023

Antes de continuar a leitura do texto, quero te convidar para conhecer meus cursos:

Continue agora com a sua leitura do texto. Espero que goste.


Anualmente, a USP abre uma vaga para Biomédico na Residência em Síndromes e Anomalias Craniofaciais, que acontece no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais em Bauru - SP.

Por ser uma área de concentração diferente do que estamos acostumados a ver para biomedicina, convidei a biomédica Olívia Rizzati - residente no HRAC - para contar como tudo funciona.

Confira a entrevista abaixo.

Conta pra gente um pouco sobre você e sua trajetória acadêmica.

Olívia Rizzati: Durante a graduação fiz iniciação científica na área de farmacologia buscando me encontrar em alguma área. Não gostei da área de genética que sempre foi o meu sonho desde o ensino médio. 

Me formei em março de 2022 na UNESP Botucatu e realizei dois estágios curriculares me habilitei em Patologia Clínica e Gestão das Tecnologias de Saúde. 

Na faculdade eu ouvi falar sobre as residências do Sírio-Libanês e do Hospital do Amor, mas não pensei em prestar o processo. 

Em 2022 uma amiga passou na residência de enfermagem aqui no HRAC e me contou que existia uma vaga para biomedicina, pesquisei um pouco melhor sobre a grade curricular, os estágios e vi que teria um contato com genética que me pareceu muito vantajoso.

Como foi sua preparação para a seleção?

Olívia Rizzati: Uma vantagem da residência na USP é o fato das provas passadas serem disponibilizadas. O método que se mostrou mais eficiente foi refazer as provas e depois realizar uma análise detalhada em cada questão. 

Além de analisar e estudar sobre os temas que eu errava também busquei entender os acertos para evitar que eu não estudasse um tema que eu apenas tinha acertado no “chute”. Na parte de SUS utilizei videoaulas do enfermeiro Rômulo Passos e até os simulados que ele disponibiliza.

Na parte específica de biomedicina utilizei muitas videoaulas e os livros recomendados na referência bibliográfica do edital. Além também de sempre prestar atenção nos conteúdo do instagram Biomedicina Padrão e Biodepressina.

Quais foram suas impressões da prova objetiva e dissertativa da seleção?

Olívia Rizzati: Desde a época do vestibular considero as provas da FUVEST difíceis e na residência não foi diferente. São questões trabalhosas e muitas vezes com pegadinhas, porém se você se preparar e conhecer a prova torna-se mais fácil. 

As provas durante os últimos cinco anos foram semelhantes por mais que as questões mudem, então você se preparando e dando ênfase para o estudo de fisiologia cardiorrespiratória suas chances aumentam bastante.

Como foi a análise de currículo?

Olívia Rizzati: A análise tem a nota máxima de 10. Por mais que eu tenha inserido certificados da maior parte dos requisitos não obtive uma nota alta. Mas, conversando com os outros residentes descobri que isso é comum, portanto, acredito que é uma análise rigorosa.

Quais são as atividades que o biomédico residente desenvolve no HRAC?

Olívia Rizzati: Durante a residência o aluno passa por cinco setores dentro do HRAC. 

Um deles é o laboratório de fisiologia. Essa é uma parte bem diferente da residência pois é o único setor em que temos contato direto com o usuário e autonomia para atendê-los, mas sempre acompanhados. Nesse setor o biomédico atua mais voltado para as queixas respiratórias e do sono. 

No laboratório de análises clínicas o residente participa da coleta e realização dos exames pré-operatórios e rotina de internação dos usuários.

Os setores de genética clínica e laboratório de citogenética são os estágios em que o residente tem menos autonomia. Participamos dos atendimentos e leitura de lâminas, porém como são rotinas mais complexas não somos independentes. Mas afirmo que mesmo não liberando laudos ou atendendo sozinho aprendemos muito no dia a dia.

No laboratório de biologia molecular o residente realiza todos os processos desde extração de DNA, PCR, sequenciamento, leitura da sequência. Esse laboratório é voltado a pesquisa, portanto todas as análises que ali acontecem têm de ser previamente autorizadas pelo usuário por assinatura do TCLE.

Como é sua rotina como residente?

Olívia Rizzati: Na grande maioria dos setores o horário do residente é das 7h às 18h, com uma hora de almoço. As aulas, costumeiramente, ocorrem de quinta à tarde e sexta de manhã. Mas às vezes variam de acordo com a disponibilidade dos professores. 

Os plantões só podem ocorrer nos setores que funcionam aos finais de semana. É algo mais flexível e acontece quando combinados com o preceptor do setor e o residente.

Quais conselhos você dá para quem quer fazer a residência em síndromes e anomalias craniofaciais?

Olívia Rizzati: Acredito que o primeiro conselho é estar preparado para a carga horária.  Como sempre falamos, a residência é um programa muito pesado com carga horária muito extensa, mas no mesmo sentido o aprendizado é muito proveitoso.

Uma outra dica que eu dou para quem está no processo seletivo é de buscar cursos online ou simpósios que ofereçam certificados, principalmente em fissuras ou anomalias pois estes valem mais no quesito nota na análise de currículo. 

Outra dica é preparar, digitalizar e fazer cópia de todos os documentos e certificados com antecedência para que nada atrapalhe a inclusão dos documentos. 

E, por último, outro conselho é que indico depois da prova iniciar os estudos e revisões de genética para iniciar o programa mais preparado.

Tem um contato para quem quiser conversar mais com você?

Olívia Rizzati: Me coloco a disposição no meu instagram @olivia.biomed para quem quiser tirar mais dúvidas em relação ao programa.


Agradeço imensamente à biomédica residente Olívia Rizzati pela disposição em compartilhar conosco sua experiência sobre uma das residências com vagas para biomedicina.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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