Dosagem de beta-hCG sérico em homens

Por Brunno Câmara - segunda-feira, outubro 19, 2015

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bhcg

Sim, você leu certo. Há um tempo, quando estava conferindo exames de hormônios, me deparei com essa situação: uma dosagem de gonadotrofina coriônica humana-beta (beta-hCG) em um paciente do sexo masculino.

Nossa primeira reação é achar que isso é um erro, pois esse é um exame muito solicitado para mulheres, tanto para diagnóstico de gravidez ou controle de mola hidatiforme, por exemplo. Porém, existem determinadas patologias em pessoas do sexo masculino, em que é possível detectar o hormônio hCG.

hCG e gravidez

O hCG possui estrutura molecular e função semelhante ao do hormônio luteinizante (LH). Sua molécula possui duas subunidades, alfa e beta. A subunidade alfa é também parte dos hormônios LH, FSH e TSH, sendo assim, os testes que detectam apenas a subunidade beta do hCG são mais específicos.

Na gravidez, células trofoblásticas da placenta são responsáveis pela secreção de hCG, que impede a ocorrência da menstruação, garantindo que o útero fique nas condições adequadas para o desenvolvimento do embrião.

A secreção desse hormônio pode ser dosada pela primeira vez no sangue 8 a 9 dias após a ovulação, pouco depois da implantação do blastocisto no endométrio.

Tumores de células germinativas (TCG)

Os TCG ocorrem  em qualquer idade, tanto em homens quanto em mulheres. TCG malignos são mais frequentes em homens, predominantemente nos testículos.

Nesses casos, as células tumorais produzem hCG, também alfa-fetoproteína (AFP) e desidrogenase láctica (DHL). Essas três moléculas servem como marcadores tumorais e são úteis no diagnóstico e monitoramento dos pacientes.

Existem dois tipos principais de TCG: seminomas e não seminomas. Os seminomas se desenvolvem a partir das células germinativas do testículo produtoras de espermatozoides. Existem quatro tipos de TCG não seminomas: Carcinoma Embrionário, Carcinoma de Saco Vitelino, Coriocarcinoma e Teratoma.

A presença de apenas algumas células gigantes no seminoma pode ser o suficiente para que o beta-hCG sérico seja detectado.

Em casos raros, homens com câncer de células germinativas apresentam a região mamária dolorida ou aumentada. Este sintoma ocorre porque certos tipos de TCG secretam altos níveis de beta-hCG, que estimula o desenvolvimento da mama.

Interpretação

Níveis séricos de beta-hCG estão elevados em aproximadamente 40 a 50% dos pacientes com TCG não seminoma; e 20 a 40% dos pacientes com TCG seminoma.

Níveis muito elevados de beta-hCG (>5.000 IU/L) não são comuns nos seminomas puros, indicando a presença de um câncer testicular misto.

TCG ovarianos apresentam elevação dos níveis de beta-hCG em 20 a 50% dos casos.

Entre os tumores não-reprodutivos, associados com a produção de beta-hCG, estão os hepatobiliares e os neuroendócrinos.

Uma resposta terapêutica completa é caracterizada pelo declínio dos níveis séricos de beta-hCG, com uma meia vida de 24 a 36h e eventual retorno às concentrações dentro dos valores de referência.

Referências:

  • Instituto Oncoguia. Sobre o Câncer de Testículo. 2013;
  • Trojan A, et al. False-Positive Human Serum Chorionic Gonadotropin in a Patient with a History of Germ Cell Cancer. Oncology, 2004;
  • Mayo Medical Laboratories. Beta-Human Chorionic Gonadotropin. 2015.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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