Você já ouviu falar em Epigenética?

Por Brunno Câmara - quarta-feira, fevereiro 06, 2013

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O termo epigenética existe há mais de cem anos, mas somente C. H. Waddington em 1942 deu uma definição mais precisa a ele.

Epigenética é um campo da biologia que estuda as interações causais entre genes e seus produtos que são responsáveis pela produção do fenótipo.

A epigenética investiga a informação contida no DNA, a qual é transmitida na divisão celular, mas que não constitui parte da sequência do DNA.

Os mecanismos epigenéticos envolvem modificações químicas do próprio DNA, ou modificações das proteínas que estão associadas a ele. Por exemplo, nas histonas que se ligam e compactam a cadeia do DNA formando a cromatina, o material básico dos cromossomos. Ou nas proteínas nucleares e nos fatores de transcrição, moléculas que interagem e regulam a função do DNA.

As modificações epigenéticas envolvem a ligação de um grupo metil (-CH3) a base citosina do DNA, particularmente aquela que vem antes da guanina; ligação de grupo acetil (CH3CO-) ao aminoácido lisina no final de duas histonas; remodelagem de outras proteínas associadas à cromatina; e transposição de certas sequências da fita de DNA causando mudanças súbitas na maneira que a informação genética é processada na célula.

metilação DNA

Alguns exemplos de modificações epigenéticas incluem a permutação, bookmarking, imprinting genômico, silenciamento de genes, inativação do cromossomo X, position effect, reprogramação, transvecção, o progresso de carcinogênese, muitos efeitos de teratógenos, regulação das modificações de histona e heterocromatina, e limitações técnicas afetando partenogênese e clonagem.

Controle do gene e Câncer

O câncer desenvolve-se quando células tornam-se anormais e começam a crescer sem controle e pode ser consequência de mutações na sequência de DNA das células. Mas o câncer também pode ter um epigenoma anormal. Em muitos tipos de câncer alguns genes são “ligados” e alguns são “desligados” – frequentemente nas mesmas células. Esse é só um exemplo das várias doenças ligadas com anormalidades no epigenoma.

Menos metil, genes "ligados"
Células neoplasicas têm um baixo nível de metilação (DNA fica mais ativo) do que células normais. Pouca metilação causa:

  • Ativação de genes que promovem o crescimento celular;
  • Instabilidade cromossômica;
  • Perda de imprinting (fenômeno genético no qual certos genes são expressos apenas por um alelo, enquanto o outro é metilado (inativado)).

Mais metil, genes "Desligados"
Células concerosas também podem ter genes que têm mais metil (DNA menos ativo) do que o normal. Os tipos de genes que são “desligados” nas células do câncer:

  • Reprimem o crescimento celular;
  • Reparam o DNA danificado;
  • Iniciam o processo de apoptose.

Pesquisadores estão explorando terapias com drogas que podem mudar o perfil epigenético das células do câncer. Um desafio da terapia epigenética é descobrir como fazer para a droga chegar nos genes e tecidos certos.

Referências
Jornal da Ciência <
www.jornaldaciencia.org.br>
Learn Genetics. University of Utah <www.learn.genetics.utah.edu> (For studies use only)

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Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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