Anticorpos contra antígenos eritrocitários

Por Brunno Câmara - sexta-feira, abril 20, 2012

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Anticorpos naturais

O sistema ABO apresenta anticorpos naturais circulantes no plasma. Esses são chamados de iso-hemaglutininas (IgM)  e reconhecem antígenos ABO. As iso-hemaglutininas foram identificadas por Landsteiner.

A presença dos anticorpos naturais começa a ser detectada a partir dos 3-6 meses de idade, atingindo o título máximo por volta dos 5 a 10 anos de vida e permanecendo desta forma até a fase adulta.

A produção dessas isoaglutininas é induzida por polissacarídeos provenientes de células bacterianas ou lectinas de vegetais e que são semelhantes aos antígenos do sistema ABO.  Assim, o indivíduo do tipo A terá contato com antígenos dessas fontes exógenas (polissacarídeos ou lectina) semelhantes ao A e B, mas apenas produzirá anticorpos anti-B.

Essa resposta imune é do tipo T-independente, e assim basicamente apenas IgM estará presente nessa produção.

O indivíduo do grupo sanguíneo O não apresenta os dois anticorpos (anti-A e anti-B), e sim anti-A,B. Esse anticorpo, se adsorvido do soro por hemácias do tipo A, ao ser eluído, poderá aglutinar hemácias do tipo B (embora mais fracamente), desmonstrando não se tratar de um anticorpo específico contra um ou outro antígeno.

Anticorpos imunes

Pode existir a formação de anticorpos anti-A e anti-B do tipo IgG (imunes) em função de estímulos com substâncias grupo-específicas A ou B nas seguintes situações:

  • Heteroimunização por substâncias de origem animal ou bacteriana, como na soroterapia antidiftérica ou antitetânica e nas infecções bacterianas;

  • Aloimunização por gravidez ou por transfusão sanguínea incompatível.

Esses anticorpos não se apresentam de forma natural. São assim chamados porque são formados em resposta a uma aloimunização, quando um indivíduo recebe hemácias com antígenos diferentes, por transfusão ou gestação, e seu organismo o reconhece como não-próprio. Esses anticorpos têm significado clínico quando são ativos a 37ºC e são detectados com soro de Coombs.

Eles normalmente estão envolvidos em reação hemolítica transfusional, imediata ou tardia, e alguns também podem provocar anemia hemolítica do recém-nascido.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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