Hipersensibilidade Tipo I – Imediata ou Anafilática

Por Brunno Câmara - quinta-feira, fevereiro 27, 2014

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A reação de hipersensibilidade do tipo I é também chamada de imediata, não por acaso, já que dentro de 15 a 30 minutos após a exposição ao alérgeno o organismo começa a desencadear a reação aguda.

Essa reação pode envolver pele, olhos, nasofaringe, tecidos broncopulmonares e trato gastrointestinal, indo desde pequenas inconveniências até a morte.

Primeiro contato

Tudo começa com a primeira exposição ao antígeno (alérgeno). Ele é processado pelas células apresentadoras de antígeno (APCs) e seus peptídeos são apresentados aos linfócitos T CD4+.

Em seguida, esses linfócitos T CD4+ liberam citocinas que estimulam os linfócitos B a produzirem e secretarem anticorpos IgE específicos para aquele alérgeno.

A IgE recém-produzida liga-se com alta afinidade à membrana de mastócitos e basófilos, sensibilizando-os. Até aqui as reações são apenas moleculares e celulares, não causando sintomatologia.

Contatos subsequentes

Do segundo contato em diante, todas as vezes que o organismo do indivíduo entrar em contato com aquele alérgeno em específico terá uma reação aguda.

Sendo assim, quando há exposição subsequente ao mesmo alérgeno ocorre reação cruzada com aqueles anticorpos IgE ligados aos mastócitos e basófilos.

Essas células degranulam, liberando várias substâncias farmacologicamente ativas.

Dentre essas substâncias, encontram-se mediadores pré-formados (histamina, triptase, cininogenase, ECF-A, etc.) e mediadores recém-formados (prostaglandinas, leucotrienos, PAF, etc.), além de fatores quimiotáticos, que atraem eosinófilos e neutrófilos para o local.

Reação aguda e crônica

A histamina e os mastócitos são os principais responsáveis pela sintomatologia na fase aguda. A histamina é um potente mediador farmacológico com ação vascular e sobre a musculatura lisa, o que causa vasodilatação, broncoconstrição, contração do músculo liso e edema.

Nos processos crônicos os aspectos predominantes advêm dos eosinófilos e mediadores inflamatórios clássicos.

Sintomatologia

A reação pode se manifestar por urticária, edema laríngeo, broncoespasmo, hipotensão e colapso cardiovascular grave, também chamado de choque anafilático. Tudo isso por que as mucosas do trato respiratório, gastrointestinal e tecido cutâneo são repletos de mastócitos.

Alguns alérgenos mais comuns

Drogas: penicilina, sulfonamidas, salicilatos, anestésicos. Alimentos: amendoim, frutos do mar, ovos, leite, ervilha. Insetos: picadas de abelha, vespa, formiga, mosquitos, partículas de baratas, ácaro. Outros: pólen de plantas, pelos de animais e esporos fúngicos.

Diagnóstico

Os testes diagnósticos incluem testes de pele (perfuração e intradérmico), dosagem de IgE totais e anticorpos IgE específicos contra os alérgenos suspeitos.


Teste cutâneo: cada gota contém um alérgeno diferente, que será inoculado na pele através de um pequeno furo. Figura: Healthwise Staff

Tratamento

Utiliza-se antihistamínicos que bloqueiam receptores de histamina. Cromolina sódica inibe a degranulação de mastócitos. Utiliza-se também broncodilatadores, caso necessário.

Referências
Male et al. Immunology. 7ª edição, capítulo 23-26.
Goldsby et al.,Kuby Immunology. 2009.
Vaz, A. J.; Takei, K.; Bueno, E. C.; Imunoensaios: Fundamentos e aplicações. RJ: Guanabara Koogan, 2007.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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