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Continue agora com a sua leitura do texto. Espero que goste.
Frequentemente vejo alguns biomédicos e estudantes de biomedicina reclamarem que não recebem o devido reconhecimento pelo seu trabalho, ainda mais quando falamos de análises clínicas. Porém, na maioria das vezes, o problema começa pela própria pessoa, que coloca na cabeça que não é reconhecida e acha que todo mundo pensa igual.
Hoje vim aqui falar com vocês da importância que o biomédico tem no cenário da área da saúde, e quem sabe vocês possam adquirir uma visão diferente sobre a biomedicina e o profissional biomédico. Deixando claro que não falo mal do profissional médico, apenas aponto as diferenças entre nossas profissões.
Se formos parar para pensar, muitas pessoas ainda acham que os exames laboratoriais são realizados por seus médicos, como nos seriados House M.D. e Grey's Anatomy. Na verdade, eles não iriam querer que seu médico pessoal realizasse esses exames, pois as habilidades necessárias não fazem parte integral do currículo das faculdades de medicina.
Pergunte ao seu médico sobre as interferências causadas pelo ácido ascórbico (Vit. C) nos resultados de glicemia, triglicérides, colesterol total; ou causas de resultados falso-positivos no exame de B-HCG; ou por que produzimos anticorpos anti-A e anti-B, e por que são da classe IgM; ou qualquer outro teste laboratorial crítico, e sua interpretação. Estes aspectos geralmente não estão na base de conhecimentos dos profissionais médicos.
Nós passamos, no mínimo, 4 anos estudando sobre isso. Mais de 3 mil horas de teoria e prática para liberar o resultado correto e o mais confiável possível. Estudos internacionais mostram que a tomada de decisão médica baseia-se, pelo menos, 70% em exames laboratoriais. E aqui, não falo só de análises clínicas, mas também de exames genéticos, moleculares, hemoterapia, etc. Sem falar na parte de pesquisa científica, no desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico, novos alvos terapêuticos, entre outros.
Em um artigo do periódico Annals of Clinical Biochemistry, Reino Unido, os autores relataram que os médicos recém-formados entrevistados tinham mais confiança em solicitar exames do que confiança em interpretar seus resultados. Desses, 18% disseram que pediriam um exame laboratorial sem saber como interpretar seu resultado. Isso poderia indicar que esses exames são solicitados por causa da influência dos médicos mais experientes, sem os médicos recém-formados entenderem como usá-los.
Os participantes desta pesquisa disseram que tinham dúvidas de quando solicitar e como interpretar a dosagem de Magnésio, Fosfato e PTH. Nos testes de função hepática, proteínas, ferro, ferritina, vit. b12, ácido fólico e eritropoetina, eles tinham confiança de quando solicitar mas pouca confiança em como interpretá-los. Muitos deles afirmaram ter vontade de participar de aulas de como interpretar tais exames.
Então, do mesmo modo que não sabemos tudo, outros profissionais também não. Isso não diminui nenhuma profissão, pelo contrário, faz com que elas se complementem.
A melhor forma de impormos respeito é com o conhecimento. Você tem que liberar um resultado e saber explicá-lo, caso contrário seremos meros profissionais. Por isso, nunca pare de estudar, esteja por dentro das novidades do mercado e dos avanços científicos. Muito mais do que apenas realizarmos exames, temos que saber interpretá-los, correlacionar com outros exames e saber tudo sobre controle de qualidade, para garantir a confiabilidade e oferecer o melhor para o paciente. É aí que fazemos a diferença.
Artigo - Khromova, V. e Gray, T. A. Learning needs in clinical biochemistry for doctors in foundation years. Ann Clin Biochem, 2008.