Citomegalovírus: um perigo dormente

Por Brunno Câmara - segunda-feira, fevereiro 22, 2016

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O Citomegalovírus (CMV) é um membro da subfamília betaherpesvirinae. Com um tamanho de 150-200 nm, é o maior entre os herpesvírus (vírus herpes simplex tipos 1 e 2, vírus varicela-zoster e vírus Epstein-Barr). Contém um dupla cadeia de DNA linear em seu nucleocapsídeo. É capaz de infectar vários tipos de células, como células epiteliais, hematopoéticas e tecido conectivo.

Transmissão

O vírus é transmitido de pessoas infectadas para outras através de contato direto com fluidos corporais, como urina, saliva ou leite materno. Além disso, é sexualmente transmissível e pode ser adquirido através de transplantes de órgãos e transfusões sanguíneas.

O CMV geralmente apresenta-se como uma infecção persistente e assintomática em pacientes saudáveis, porém pode causar problemas graves em pacientes transplantados, imunodeficientes e imunossuprimidos.

A infecção das células epiteliais e hematopoéticas levam à propagação sistêmica da infecção. A vasculatura arterial é o local mais comum onde o vírus se mantém latente. A maior parte das infecções em casos de transplante é devido à reativação do vírus que estava latente.

Manifestações clínicas

Geralmente, em pessoas imunocompetentes o CMV fica latente e a infecção é assintomática ou os sintomas são semelhantes ao de um resfriado. Quando aparentes, os sintomas começam de 9 a 60 dias após a infecção primária.

As infecções por CMV são uma grande causa de morbidade e mortalidade em pacientes imunocomprometidos, particularmente em pacientes transplantados.

Os principais locais acometidos pelo vírus incluem os pulmões (pneumonia), fígado, baço (esplenomegalia), intestino (colites), sistema nervoso central (encefalites), medula óssea (citopenias) e envolvimento multissistêmico (febre de origem desconhecida).

Pneumonia causada pelo CMV é potencialmente fatal com sintomas não específicos na maioria dos casos.

Diagnóstico

A detecção de anticorpos anti-CMV (IgG e IgM) pode ser realizada por vários métodos, como ELISA, aglutinação em látex, imunofluorescência indireta e quimioluminescência.

Na infecção primária, o aparecimento de IgM pode demorar até 4 semanas e seus níveis podem permanecer altos por vários meses. Títulos elevados de IgM (acima de 1/32) permitem o diagnóstico de doença aguda.

O aumento de 4 vezes da titulação de IgG comparando duas amostras pode indicar infecção aguda. Os níveis de IgG se mantêm elevados por anos após a infecção.

A Reação em cadeia da polimerase (PCR) pode ser realizada a partir de diversos amostras clínicas, como plasma, soro, leucócitos do sangue periférico e líquor. É um método útil para pacientes com HIV ou transplantados; possui sensibilidade de 95-98% e especificidade de 98-100%. Pode haver resultados falso-positivos por contaminação; há sempre necessidade de correlacionar o exame com os achados clínicos.

A presença de fator reumatoide ou de anticorpos heterófilos pode causar resultados de IgM falso-positivos, por exemplo, um paciente com mononucleose por vírus Epstein-Barr pode mostrar IgM para CMV positivo.

Em recém-nascidos, apenas testes que detectam a presença do vírus devem ser realizados, dentro de 2 a 3 semanas após o nascimento.

Tratamento

Nenhum tratamento é indicado para a infecção por CMV em indivíduos saudáveis.

Tratamento antiviral é utilizado para pacientes imunocomprometidos que apresentem sinais relacionados ou complicações que ameaçam a vida devido a infecção pelo CMV.

 

Bhat, V., Joshi, A., Sarode, R., & Chavan, P. (2015). Cytomegalovirus infection in the bone marrow transplant patient. World Journal of Transplantation, 5(4), 287–291.

CDC. Cytomegalovirus (CMV) and Congenital CMV Infection.

De Vlieger G, Meersseman W, Lagrou K, et al. Cytomegalovirus serostatus and outcome in nonimmunocompromised critically ill patients. Crit Care Med. 2012 Jan. 40(1):36-42.

Imagem: Stocktrek Images, Inc. / Alamy Stock Photo

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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