Pesquisa revela que cientistas que tiram selfies ganham maior confiança da população

Por Brunno Câmara - terça-feira, maio 14, 2019

Antes de continuar a leitura do texto, quero te convidar para conhecer meus cursos:

Continue agora com a sua leitura do texto. Espero que goste.


A comunidade científica está cada vez mais ciente de que pesquisadores e suas instituições podem e deveriam dar prioridade ao engajamento e comunicação ao público.
As pessoas tendem a prestar atenção em informações comunicadas por fontes que eles veem como confiáveis em termos de experiência, honestidade e identificação pessoal, além de fontes que elas "gostam".

A confiança é essencial para os cientistas abordarem temas de interesse público, como saúde pública e mudanças climáticas.

Interações de alta qualidade com cientistas amigáveis encorajam crenças positivas sobre a ciência e as mensagens dos cientistas.

Infelizmente, geralmente os cientistas são percebidos (pela população americana) como altamente competentes, porém moderadamente simpáticos.

Ou seja, eles ganham respeito, mas não confiança.

Geralmente, os cientistas isolam-se em "suas torres" e focam em defender a ciência ao invés de construir um relacionamento com o público, além de terem um esteriótipo negativo reforçado pela mídia.

Confiança = simpatia + competência

A cognição social consiste na ideia de que pessoas diferenciam-se umas as outras gostando (simpatia, confiabilidade) e respeitando (competência e eficiência).

Uma teoria postula que esteriótipos de grupos podem ser capturados pelas duas dimensões universais: simpatia e competência.

Simpatia - baseia-se na percepção de um indivíduo sobre intenções de outros indivíduos. Traços que ajudam a perceber a simpatia incluem: tolerância, modéstia, ser aberto, sociabilidade, honestidade, felicidade, gentileza, sinceridade e moralidade.

Competência - baseia-se na convicção de que uma pessoa pode agir de acordo com suas intenções. Traços que ajudam a perceber a competência incluem: inteligência, habilidade, criatividade e persistência.

As mídias sociais podem ser uma maneira de construir uma relacionamento entre cientistas e cidadãos.

Essas relações podem combater os esteriótipos dos cientistas como sendo competentes mas socialmente incapazes e excêntricos, frios e capazes de condutas imorais.

Para isso, cientistas devem usar as redes sociais de uma forma de comuniquem sua simpatia e não somente sua competência científica.

O estudo

Pesquisadores publicaram um artigo científico neste mês, no periódico PLOS One, sobre o uso de selfies (autorretratos) como uma maneira de ganhar a confiança da população em geral.

Eles decidiram investigar as percepções do público sobre os cientistas por meio de imagens selecionadas e divulgadas no instagram.

1620 participantes (EUA) foram expostos a três tipos de imagens:

  1. Um ambiente científico ou algum equipamento, como um microscópio ou biorreator;
  2. Um cientista homem sorrindo num ambiente científico;
  3. Uma cientista mulher sorrindo no mesmo ambiente científico.


Pessoas que viram as imagens de cientistas sorrindo (selfies) avaliaram os cientistas da imagem e os cientistas em geral como significativamente mais simpáticos do que as pessoas que viram imagens controle ou aquelas que somente mostravam o ambiente científico, que não incluía uma pessoa.

Essa percepção de simpatia foi especialmente maior entre as pessoas que viram imagens de cientistas mulheres sorrindo. Ou seja, a percepção foi de que mulheres cientistas são mais simpáticas do que os cientistas homens.

Esses resultados mostram que ver imagens de cientistas sorrindo, ao invés de apenas equipamentos ou ambientes, aumentou a percepção de que eles são simpáticos e competentes.

Participe do desafio

Se você faz iniciação científica, mestrado, doutorado, é professor, biomédico ou estudante de biomedicina, pode participar do desafio para melhorar a percepção da sociedade sobre os cientistas.

Como participar:

  1. Tire uma selfie SORRINDO no seu ambiente de trabalho/pesquisa/estudo (e.g. laboratório);
  2. Poste nas redes sociais (instagram, twitter, facebook);
  3. Explique (de forma simples) na legenda com o que você trabalha/estuda;
  4. Use as seguintes hashtags: #scientistswhoselfie #selfiedecientista
  5. Marque 3 amigos para fazer o desafio.

Leia o artigo na íntegra

Jarreau PB, Cancellare IA, Carmichael BJ, Porter L, Toker D, Yammine SZ (2019) Using selfies to challenge public stereotypes of scientists. PLoS ONE 14(5): e0216625. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0216625

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
| Contato: @biomedicinapadrao |