Introdução aos Hormônios Esteroides

Por Brunno Câmara - quarta-feira, março 03, 2021

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Primeiramente, vamos às definições de cada um dos termos:

Hormônios

São moléculas sinalizadoras transportadas a outros órgãos e tecidos para a regulação dos processos fisiológicos de um organismo.

Alguns exemplos de moléculas consideradas hormônios são: esteroides, eicosanoides, proteínas, aminoácidos, peptídeos e gases.

As glândulas endócrinas são órgãos especializados na secreção de hormônios. São exemplos: tireoide, pituitária, adrenal, gônadas, paratireoide, pâncreas etc.

Esteroide

É um composto orgânico biologicamente ativo formado por 4 anéis arranjados em uma configuração molecular específica.

Suas duas principais funções biológicas são: 

  • Participar como componente das membranas celulares. Ex.: Colesterol.
  • Atuar como moléculas sinalizadoras. Ex.: Testosterona.

Sua estrutura central é tipicamente composta por 4 anéis ligados entre si (3 anéis com seis átomos de Carbono + 1 anel com cinco átomos de Carbono) e um grupo funcional ligado à essa estrutura central.

Hormônios esteroides

Visto que já sabemos a definição desses dois termos, podemos dizer então que um hormônio esteroide é um esteroide que atua como uma molécula sinalizadora.

Eles podem ser agrupados em duas classes:

  • Corticosteroides: geralmente produzidos no córtex adrenal;
  • Esteroides sexuais: geralmente produzidos nas gônadas ou placenta.

Dentro dessas duas classes existem cinco tipos de acordo com os receptores aos quais eles se ligam:

  1. Glicocorticoide: regula o metabolismo da glicose;
    Ex.: Cortisol.
  2. Mineralocorticoide: regula o equilíbrio hidroeletrolítico;
    Ex.: Aldosterona.
  3. Androgênio: regula o desenvolvimento e manutenção das características masculinas;
    Ex.: Testosterona.
  4. Estrogênio: regula o desenvolvimento e manutenção das características femininas;
    Ex.: Estradiol.
  5. Progestogênio: em mulheres, regula o ciclo menstrual e gravidez; em homens, regula a produção de espermatozoides e síntese de testosterona.
    Ex.: Progesterona.

As moléculas derivadas da Vitamina D também podem ser consideradas um tipo de hormônio esteroide. Porém, um daqueles quatro anéis em sua estrutura central é "quebrado".

Existem ainda os neuroesteroides, que atuam no cérebro, e os aminoesteroides, que atuam como agentes de bloqueio neuromuscular.

Síntese dos hormônios esteroides

A esteroidogênese é o processo biológico pelo qual os hormônios esteroides são sintetizados a partir do colesterol.

Essa produção acontece nas glândulas adrenais e nas gônadas (testículos e ovários).

Esses hormônios são considerados lipídeos, sendo assim conseguem atravessar a membrana plasmática por serem lipossolúveis.

Eles então ligam-se a receptores que são, geralmente, intracelulares (tipicamente presentes no citosol ou no núcleo celular), iniciando a transdução de sinais.

Geralmente, os hormônios esteroides são transportados no plasma por proteínas carreadoras específicas como a globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG, do inglês sex hormone-binding globulin), a albumina e a transcortina (CBG, do inglês corticosteroid-binding globulin).

Mecanismos de ação dos hormônios esteroides

Existem diferentes mecanismos pelos quais os hormônios esteroides agem nas suas células-alvo.

Eles podem ser classificados em: vias genômicas e vias não genômicas.

As vias genômicas são mais lentas e alteram os níveis de expressão de determinadas proteínas na célula. As vias não genômicas têm ação mais rápida.

Vias genômicas

Nessas vias, o hormônio atravessa a membrana celular, alcança o citoplasma e pode ou não passar por alterações enzimáticas como redução, hidroxilação e aromatização.

O hormônio então se liga a seu receptor específico (receptor nuclear), sendo que muitos deles podem se dimerizar formando uma unidade funcional de ligação ao DNA para entrar no núcleo da célula.

Dentro do núcleo, o complexo esteroide-receptor liga-se a sequências específicas do DNA e induz a transcrição dos seus genes alvo.

Vias não genômicas

Incluem todas as vias que não envolvem algum efeito genômico direto.

São mediadas por receptores de hormônios esteroides presentes na membrana celular (receptores extranucleares).

São exemplos de receptores: canais de íons e receptores acoplados à proteína G.

Por essas vias, há modulação mais rápida de cascatas intracelulares de sinalização.

Referências

Hammes SR, Levin ER. Minireview: Recent advances in extranuclear steroid receptor actions. Endocrinology. 2011;152(12):4489-4495.

Frye CA. Steroids, reproductive endocrine function, and affect. A review. Minerva Ginecol. 2009;61(6):541-562.

Rousseau, Guy G. “Fifty years ago: the quest for steroid hormone receptors.” Molecular and cellular endocrinology vol. 375,1-2 (2013): 10-3.

Schwartz, Nofrat et al. “Rapid steroid hormone actions via membrane receptors.” Biochimica et biophysica acta vol. 1863,9 (2016): 2289-98.

Stanisić, Vladimir et al. “Modulation of steroid hormone receptor activity.” Progress in brain research vol. 181 (2010): 153-76. doi:10.1016/S0079-6123(08)81009-6

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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