Como lidar com agregados plaquetários no laboratório clínico

Por Brunno Câmara - terça-feira, outubro 22, 2024

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O que causa a formação de agregados plaquetários em amostras de EDTA?

Embora o EDTA seja um anticoagulante comumente usado em amostras de sangue para hemograma, ele pode induzir a formação de agregados plaquetários em alguns casos. 

A causa exata para isso ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que fatores como temperatura, pH e concentração do EDTA, juntamente com características individuais do paciente, podem contribuir para o problema.

Quais são os problemas associados à presença de agregados plaquetários?

Agregados plaquetários podem interferir na contagem automatizada de plaquetas, levando a resultados falsamente baixos. 

Isso pode ter implicações clínicas significativas, como atrasos no diagnóstico e tratamento de trombocitopenia, além de gerar custos adicionais com recoleta e reanálise de amostras.

Como os agregados plaquetários são detectados?

A maioria dos analisadores hematológicos modernos possui algoritmos que detectam a presença de agregados plaquetários e emitem um sinal de alerta, chamado de "flag de agregação plaquetária". 

Porém, estudos indicam que esses flags nem sempre são confiáveis e podem ocorrer em até 20% das amostras, mesmo na ausência de agregados plaquetários.

O que pode ser feito para dissolver os agregados plaquetários?

A vortexação da amostra, que consiste em agitá-la vigorosamente em um aparelho chamado vórtex, tem se mostrado eficaz na dissolução de agregados plaquetários. 

Estudos indicam que a vortexação por 1 a 2 minutos, em uma intensidade de 8 a 10, é suficiente para desagregar a maioria dos agregados.

A vortexação afeta os resultados de outros parâmetros do hemograma?

Estudos mostram que a vortexação não afeta significativamente os resultados da contagem de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito. 

No caso da contagem de leucócitos, pode haver uma pequena redução, já que alguns agregados plaquetários podem ser erroneamente contados como leucócitos. 

No entanto, essa variação geralmente é clinicamente insignificante.

Em quais situações a vortexação de amostras com flag de agregação plaquetária é recomendada?

A vortexação é especialmente recomendada para amostras com contagem de plaquetas cujo equipamento apresentou o alerta de agregados plaquetários e sem outras anormalidades no hemograma.

Nestes casos, a vortexação pode evitar a necessidade de recoleta da amostra, agilizando a liberação dos resultados e reduzindo custos.

Existem casos em que a vortexação não é suficiente para dissolver os agregados plaquetários?

Sim, em alguns casos, a vortexação pode não ser suficiente para dissolver agregados plaquetários, especialmente quando estes são muito grandes ou numerosos. 

Nestas situações, a análise da lâmina de sangue periférico é essencial para confirmar a presença de agregados e determinar a necessidade de recoleta da amostra.

Quais são as recomendações para a implementação da vortexação em laboratórios de hematologia?

Cada laboratório deve estabelecer um protocolo padronizado para o tratamento de amostras com flag de agregação plaquetária, incluindo critérios para a vortexação, tempo e intensidade da agitação, e procedimentos para a análise microscópica da distensão sanguínea quando necessário. 

A validação do protocolo é fundamental para garantir a qualidade dos resultados e a segurança do paciente.

Referência

Mundt, Lillian. “Vortexing specimens to disaggregate platelet clumps in EDTA specimens.” Laboratory medicine vol. 55,4 (2024): 439-441. doi:10.1093/labmed/lmad105

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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