Principais metodologias utilizadas em aparelhos no laboratório clínico

Por Brunno Câmara - sábado, julho 12, 2014

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Muitas vezes trabalhamos em laboratórios com equipamentos automatizados e não sabemos como eles metodologicamente funcionam. Por isso, abaixo você vai encontrar alguns dos métodos utilizados nos aparelhos atuais, utilizados nos laboratórios clínicos.

Impedância elétrica

Nos aparelhos hematológicos, esse é o método comumente encontrado. As células sanguíneas são contadas e medidas a partir dos impulsos elétricos que geram quando são imersas em um meio condutor (solução eletrolítica). As células também são orientadas em um fluxo laminar e interceptadas uma a uma por uma corrente elétrica. Mesmo sendo más condutoras de energia, quando imersas em um meio condutor podem ser contadas e medidas a partir dos impulsos elétricos que geram.

O número de pulsos obtidos durante o ciclo de contagem é correspondente ao número de células contadas. Quanto maior a corrente elétrica, ou seja, a intensidade do pulso elétrico, maior é tamanho da célula. Por esse método são contados eritrócitos, e em diferente diluição após sua lise, contam-se os leucócitos e as plaquetas.

Citometria de fluxo

Também é utilizada em alguns aparelhos hematológicos mais avançados. É uma técnica de medição das propriedades de células em suspensão, orientadas em um fluxo laminar e interceptadas, uma a uma, por um feixe de luz (LASER). O feixe de laser incidirá sobre cada célula (de forma individual). A radiação incidente sofrerá desvios que serão reconhecidos pelos fotosensores. As informações provenientes dos diferentes sensores, são agrupadas, formando as características (complexidade-SSC e tamanho-FSC) de cada célula que são expressas em um histograma.

Para saber mais, leia: Fundamentos da citometria de fluxo para o diagnóstico laboratorial


Citometria de fluxo

Colorimetria

O princípio deste método é a absorção de luz pela matéria, que permite determinar a concentração de substâncias presentes numa solução. Um aparelho bem conhecido nosso é o espectrofotômetro (clique aqui para interagir com o aparelho). Basicamente utiliza-se compostos corados, resultantes da reação de um reagente cromógeno com a substância presente no soro/plasma a ser analisada, como por exemplo a glicose, que serão submetidos a um comprimento de onda específico, resultando na determinação da concentração.

Quimioluminescência

O princípio da quimioluminescência é a emissão de luz como resultado de uma reação química. A energia química gerada como resultado da dissociação de ligações fracas produz compostos intermediários em um estado eletronicamente excitado que, ao retornarem ao estado de energia inicial, emitem luz, que pode ser dosada. Tem alta sensibilidade e especificidade.

No laboratório, hormônios, drogas e micro-organismos podem ser identificados. Utiliza-se anticorpos ligados a um marcador luminescente (cromógeno) que pode ser o luminol, derivados de acridina, sistema avidina-biotina, entre outros.

Turbidimetria e  Nefelometria

Quando partículas estão suspensas em uma solução numa cubeta, elas turvam o meio. A luz incidente que entra nessa cubeta estará sujeita a três reações:

  1. Parte da luz será absorvida pelas partículas;
  2. Parte será transmitida através da cubeta;
  3. Parte será dispersa em várias direções.

Turbidimetria

A turbidimetria está envolvida na dosagem da quantidade de luz transmitida (e cálculo da luz absorvida) pelas partículas na suspensão para determinar a concentração da substância em questão. A quantidade de luz absorvida e, consequentemente, sua concentração depende do número e tamanho das partículas.

Nefelometria

Já a nefelometria baseia-se na dosagem da luz dispersa da cubeta contendo partículas suspensas numa solução. O aparelho é semelhante ao da turbidimetria, porém o detector de luz é localizado em diferentes ângulos, dependendo do ângulo que a maioria da luz dispersa é encontrada. Como a quantidade de luz dispersa é muito maior que a luz transmitida em uma suspensão túrbida, a nefelometria oferece maior sensibilidade que a turbidimetria.

Ambos os métodos são utilizados na dosagem de imunoglobulinas (total, IgG, IgE, IgM, IgA) e proteínas séricas, como PCR, ferritina, transferrina, C3 e C4, etc. (utilizando anticorpos específicos para cada uma).

Fotometria de chama e Eletrodos íons seletivos

Leia aqui: Métodos para determinação de Sódio e Potássio sérico

Referências

- MENDES, M. F. A. Espectrofotometria. UFRGS <link>.
- KHOUJA, H. Turbidimetry & Nephelometry <
link>.
- CRUVINEL, W. M. Quimioluminescência. PUC-GO <
link>.
- BACALL, Nydia S. Analisador automático hematológico e a importância de validar novos equipamentos em laboratórios clínicos. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2009, vol.31, n.4, pp. 218-220.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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