VDRL x FTA-ABS

Por Brunno Câmara - segunda-feira, julho 02, 2012

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A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica, e é um grande agravo de saúde pública em todo o mundo. O agente etiológico é a bactéria Treponema pallidum, uma espiroqueta adquirida na maioria dos casos durante relações sexuais.

Seu diagnóstico é baseado na avaliação clínica, na identificação direta do T. pallidum e no teste sorológico. Sendo que este último é o mais frequentemente utilizado no diagnóstico, isso por que, o paciente na maioria das vezes, quando procura o serviço de saúde, está em um estágio mais avançado da doença.

Os testes mais utilizados são o VDRL (teste antigênico não treponêmico) e o FTA-ABS (teste treponêmico). Confira as diferenças entre esses dois exames:

A prova do VDRL, é um dos testes não treponêmicos utilizados rotineiramente no imunodiagnóstico da sífilis. Devido ao baixo custo e praticidade quanto à sua realização, vem sendo usado em larga escala na maioria dos laboratórios de unidades de atenção primária de saúde.

Apresenta uma técnica rápida de microfloculação, na qual utiliza antígenos extraídos de tecidos como a cardiolipina, um lípide derivado do coração de bovinos.

A cardiolipina, quando combinada com lecitina e colesterol, forma sorologicamente um antígeno ativo, capaz de detectar anticorpos humorais presentes no soro durante a infecção sifilítica, uma a quatro semanas após o aparecimento do cancro primário. As dosagens quantitativas do VDRL, expressas em títulos, em geral se elevam até o estágio secundário.

A reação utiliza a técnica de imunofluorescência indireta. O FTA-ABS é um método confirmatório para o diagnóstico de sífilis. Sua alta sensibilidade e especificidade já foram demonstradas e é recomendada como técnica confirmatória, em investigações prévias a técnicas inespecíficas.

O procedimento é formado por duas reações. Na primeira etapa, o soro do paciente é colocado em contato com o substrato antigênico. Se os anticorpos estiverem presentes no soro, estes se ligam ao antígeno, formando um complexo antígeno-anticorpo.

Se o soro testado não contém anticorpos dirigidos contra este antígeno em particular, não se formará o complexo antígeno-anticorpo e todos os componentes do soro serão eliminados na etapa de lavagem.

Na segunda etapa adiciona-se uma antigamaglobulina humana marcada com isotiocianato de fluoresceína. Se o complexo antígeno-anticorpo formou-se na primeira etapa, a antigamaglobulina marcada fluoresceína adere-se ao mesmo. Poderá ser observada uma reação positiva, com fluorescência verde maçã brilhante, através de um microscópio de fluorescência.

- VDRL positivo e FTA-ABS positivo confirmam o diagnóstico de sífilis.
- VDRL positivo e FTA-ABS negativo indicam outra doença que não sífilis.
- VDRL negativo e FTA-ABS positivo indicam sífilis em fase bem inicial ou sífilis já curada ou sífilis terciária.
- VDRL negativo e FTA-ABS negativo descartam o diagnóstico de sífilis.


Fontes

• Bula INTERLAB – link
• Teste VDRL para o diagnóstico da sífilis. Avaliação dos resultados em uma unidade de atenção primária de saúde – link
• Sífilis | Sintomas e tratamento. Md. Saúde – link

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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