Entrevista sobre Citopatologia com o Biomédico Adrian Barbosa

Por Brunno Câmara - segunda-feira, maio 13, 2019

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Adrian Barbosa da Silveira é biomédico Especialista em Citopatologia Ginecológica, Conselheiro titular no Conselho Estadual de Saúde de Goiás (CES-GO), Membro Sócio da Sociedade Brasileira de Citologia Clínica, Coordenador da Especialização em Citopatologia Ginecológica – INCURSOS, Professor de Citopatologia na PUC-Goiás, Professor-tutor de Citopatologia no CQMed, Professor-tutor na FGV online, Auditor Líder ABNT NBR ISO 9001:2008 (Sistema de Gestão da Qualidade).

Por que você escolheu biomedicina?

Adrian - Apesar de ser uma profissão nova, cerca de pouco mais de três décadas, seu desenvolvimento tem acompanhado os avanços tecnológicos, e seu campo de atuação ampliado de tal forma que hoje o biomédico conta com mais de trinta áreas distintas de atuação. O papel da Biomedicina na promoção da saúde pública brasileira é vital, pois não se pode pensar em tratar a população sem antes ter um diagnóstico exato. E um papel da biomedicina dentre vários é propiciar diagnósticos precisos e confiáveis. Claro que em 1995, quando ingressei na minha vida acadêmica eu não conhecia bem a profissão, assim como a maioria dos meus colegas contemporâneos.

Por qual motivo você escolheu Citologia Oncótica?

Adrian - A Citologia Oncótica é uma dessas áreas da Biomedicina extremamente promissora. São vários os atrativos que despertaram meu interesse para me tornar um citopatologista, dentre eles eu poderia citar a possibilidade de prestar serviços especializados para vários laboratórios, simultaneamente, sem ter que cumprir horários rígidos, alavancando assim meus honorários. Além disso a habilitação em citologia oncótica possibilita ao biomédico a atuação na área da docência universitária, área que gosto muito.

Em que consiste a Citologia Oncótica?

Adrian - A Citologia Oncótica é um ramo da patologia destinada ao estudo das doenças que acometem as células dos mais diferentes sítios anatômicos, tais como, colo uterino, tireoide, mama, líquidos cavitários (ascíticos, sinovial, pleural, líquido cefalorraquidiano), linfonodos, entre outros.

 Existe diferença entre Citopatologia e Citologia Oncótica?

Adrian - Não, são termos sinônimos.

O que o biomédico está habilitado a fazer nessa área?

Adrian - A habilitação confere o direito, ao citopatologista, de fazer coleta de raspados de secreção vaginal, assim com a confecção dos esfregaços, sua coloração, o exame microscópico e a responsabilidade pela liberação do laudo.

O que o biomédico não pode fazer?

Adrian - Existem alguns sítios anatômicos que a coleta precisa ser realizada por um procedimento invasivo denominado Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF). Essa é uma coleta realizada apenas por médico, contudo os laudos desses exames podem ser liberados pelo citopatologista biomédico.

Como você avalia o mercado de trabalho para os biomédicos nessa área?

Adrian - É um mercado em ascensão e muito promissor, pois a prevenção do câncer de colo uterino é uma das metas do governo federal e, consequentemente, estadual e municipal. Com o fim do pleito pela exclusividade dessa área, pela classe médica, os biomédicos ganham força e fôlego para ampliar ainda mais sua ocupação no combate ao câncer de útero.

O biomédico pode começar a atuar na área só com a graduação ou é necessário fazer pós-graduação antes?

Adrian - De acordo com a Resolução Nº 78 do CFBM só é permitido a atuação do biomédico em determinada habilitação após um estágio obrigatório de 500 horas. E isso serve para todas as habilitações. Normalmente a habilitação em Analises Clínicas já faz parte da grade curricular da graduação em biomedicina, em todo o país. Portanto, faz-se necessário uma especialização de no mínimo 500 horas em Citopatologia.

Quais características pessoais devem ser levadas em consideração na escolha dessa habilitação? 

Adrian - Essa é uma das poucas áreas dentro de um laboratório que não se tem implantado e implementado, pelo menos ainda, a automação. Com isso todas as análises são feitas manualmente, ou seja, através da leitura das lâminas ao microscópio. Então eu diria que a principal característica é ter paciência e disposição para passar algumas horas na frente do microscópio. Contudo, essa habilitação tem seu status.

Quais os conselhos que você dá para quem tem interesse em ser um citopatologista? 

Adrian - Em primeiro lugar deve-se preparar na graduação, pois é lá que o graduando terá melhores condições de avaliar as áreas que poderá seguir. Caso se identifique com a citopatologia, o caminho será os estudos, pois essa é uma área de atualizações constantes, por isso meu prazer de ser citopatologista.

Considerações finais

Adrian - Gostaria, primeiramente, de agradecer o convite para essa entrevista. É um prazer estar aqui. E dizer que eu luto pela valorização, conhecimento e reconhecimento da Biomedicina tanto por parte da nossa categoria, como por parte da sociedade civil. E uma das ferramentas que acredito que irá projetar ainda mais a Biomedicina, no cenário da saúde brasileira, é a diversificação na área de atuação dos biomédicos, pois isso ajudará a diminuir a oferta de mão de obra em uma única área, no caso das análises clínicas, possibilitando assim promover o equilíbrio mercadológico do valor da mão de obra, de acordo com a lei da oferta e procura.

A citopatologia é uma área de atuação para o biomédico em amplo crescimento e extremamente lucrativa, quando comparada com outras seções de um laboratório clínico. Obrigados a todos e sejam bem-vindos à citopatologia.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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