Entendendo os mecanismos de feedback negativo e positivo

Por Brunno Câmara - domingo, fevereiro 22, 2015

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Nosso corpo possui inúmeros sistemas de controle. Uns atuam ao nível dos órgãos, para regular parte destes; outros atuam a nível sistêmico, regulando a interação entre os órgãos. Ainda há também os genéticos, que regulam o funcionamento intra e extracelular.

Grande parte desses sistemas de controle utiliza o processo de feedback negativo. Para entender esse processo, nada melhor que exemplificar com alguns sistemas de controle do nosso corpo.

Controle da concentração de dióxido de carbono (CO2) no líquido extracelular (LEC)

Uma concentração aumentada de CO2 no LEC faz com que a ventilação pulmonar aumente, e isso, por sua vez, provoca a redução da concentração de CO2, visto que os pulmões excretam maiores quantidades do gás para o meio exterior.

Feedback negativo Dióxido de Carbono

Então, a concentração elevada provoca a redução dessa concentração, o que é negativo em relação ao estímulo inicial.

Controle da pressão arterial

Quando a pressão arterial eleva-se, receptores neurais presentes nas paredes das grandes artérias são estimulados de forma excessiva, devido ao estiramento desses vasos, fazendo com que impulsos transmitidos para o bulbo inibam o centro vasomotor.

O centro vasomotor então reduz o número de impulsos transmitidos, diminuindo a atividade de bombeamento pelo coração e facilitando o fluxo sanguíneo nos vasos periféricos, diminuindo a pressão arterial até seu valor normal.

Feedback negativo Pressão Arterial

Então, se algum fator diminui ou aumenta demais, o sistema de controle relacionado a este fator ativa o mecanismo de feedback negativo, que provoca uma série de alterações, fazendo com que esse fator volte a seu valor médio, mantendo a homeostasia.

Na via contrária, nosso corpo também possui um mecanismo de feedback positivo, que na maioria das vezes são ciclos viciosos e podem até causar a morte do indivíduo. O feedback positivo nunca leva à estabilidade, e sim, à instabilidade.

Bombeamento do coração

O coração de um indivíduo normal tem a capacidade de bombear cerca de 5 litros de sangue por minuto. Porém, se houver perda súbita de 2 litros de sangue, a quantidade restante é tão baixa que o bombeamento do coração é comprometido.

Então, a pressão arterial e o fluxo de sangue para o coração diminuem, resultando no enfraquecimento do músculo cardíaco, maior redução de bombeamento, decréscimo do fluxo sanguíneo e enfraquecimento ainda maior do coração. Esse ciclo se repete até a morte.

Feedback positivo Bombeamento do Coração

O estímulo inicial provoca seu próprio aumento, o que é um feedback positivo. Mas, nem sempre o feedback positivo é ruim. Vejamos o mecanismo a seguir.

Contrações uterinas no parto

Quando as contrações uterinas se intensificam para empurrar a cabeça do feto contra o colo uterino, o estiramento do colo uterino emite sinais, até o corpo do útero, que responde com contrações ainda mais intensas. O colo do útero é então ainda mais distendido. Esse ciclo continua até que o feto nasça.

Feedback positivo Contração Uterina

Existem ainda situações em que os dois tipos de feedback são simultâneos. Por exemplo, no caso da coagulação sanguínea, a ativação da cascata da coagulação acontece por feedback positivo, mas faz parte de um processo de feedback negativo para a manutenção do volume sanguíneo normal.

Referência: Guyton & Hall - Tratado de Fisiologia Médica

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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