Como funciona o ciclo cardíaco

Por Brunno Câmara - terça-feira, julho 18, 2017

Antes de continuar a leitura do texto, quero te convidar para conhecer meus cursos:

Continue agora com a sua leitura do texto. Espero que goste.

Um dos órgãos vitais para a nossa sobrevivência é o coração, que atua como uma bomba, distribuindo o sangue e nutrientes para os outros órgãos do organismo.

Para realizar essa sua função, seu ciclo se divide basicamente duas fases: sístole e diástole. Mas há uma série de acontecimentos para que elas ocorram.

Então, antes de tudo, lembre-se disso:

  • Sístole –> contração;
  • Diástole –> relaxamento;

De uma forma geral, antes de todo o processo de contração se iniciar, é necessário que haja a deflagração de um potencial de ação, através da abertura de canais voltagem dependente de sódio, cálcio e potássio. Isto irá provocar alterações elétricas na membrana plasmática dos cardiomiócitos. Com a ligação do cálcio à troponina C, há liberação do sítio de ligação da actina à miosina, ocorrendo a ação de catraca, culminando na contração muscular (lembrando que o coração é formado de músculo estriado esquelético cardíaco).

Para que ocorra o relaxamento, algumas proteínas intracelulares como a SERCA ATPase, irão bombear o cálcio novamente para o retículo sarcoplasmático, onde fica armazenado, fazendo com que a ligação actina-miosina se desfaça e o músculo relaxe.

Dê uma olhada na Figura 1 abaixo e não se assuste. Talvez os seus professores de fisiologia já te mostraram ela em alguma aula ou até mesmo a colocaram em uma prova, e vou te dizer que é a chave para se entender o sistema cardiovascular.

Te ensinarei a interpretá-la e depois de ler este post, você vai dominar essa parte.

Figura 1

Então, como qualquer figura muito complicada, concentre-se em apenas uma parte, e agora olhe apenas para a linha vermelha, ela representa a contração ventricular, mais detalhadamente, do ventrículo esquerdo, uma vez que ele é o determinante de contração e pressão arterial porque é responsável pela circulação sistêmica. No ventrículo direito não há grandes variações de pressão, porque faz parte da circulação pulmonar.

Observe primeiramente que é um gráfico de tempo vs. pressão, e vá tentando correlacionar o que está acontecendo no coração com a abertura das válvulas e o traçado.

Começaremos pelo átrio, já que o potencial de ação cardíaco é gerado no nodo sinoatrial, vai para o nodo átrio-ventricular e segue via Feixe de His, espalhando-se pelas fibras de Purkinje até o ápice do coração.


Figura 2

Então, com a deflagração do potencial de ação no nodo sinoatrial, ocorre a sístole atrial, fazendo com que a diferença de pressão entre as câmaras, feche a válvula atrioventricular, na tentativa de impedir o influxo de sangue para os átrios (essa é uma das funções das válvulas).

Em poucos milissegundos, a corrente elétrica produzida pelo potencial de ação chega aos ventrículos e os contrai, ocorrendo a fase que chamamos de contração isovolumétrica (iso = igual; é um processo de contração sem alteração de volume).

Quando a contração é forte o suficiente para realizar uma pressão de aproximadamente 80 mmHg, a válvula aórtica se abre, ocorrendo a ejeção do sangue. Após o fechamento da mesma, o ventrículo relaxa-se (relaxamento isovolumétrico, porque não entrou sangue novamente ainda), e então a válvula atrioventricular abre-se, realizando o enchimento ventricular, seguido da sístole atrial e tudo isso descrito acima novamente.

Na parte inferior da imagem, observando o eletrocardiograma, podemos inferir também que a onda P refere-se à despolarização atrial (que como consequência leva à sístole atrial), o complexo QRS, à despolarização ventricular (levando também a sístole ventricular), e a onda T corresponde à repolarização ventricular (relaxamento/diástole ventricular).

Podemos observar uma curiosidade também: o fonocardiograma. As bulhas cardíacas audíveis (primeira e segunda, principalmente, já que a terceira é audível apenas em poucas pessoas), são resultado do fechamento das válvulas cardíacas, sendo a primeira bulha, da válvula atrioventricular e a segunda, da aórtica.

E agora, será que você consegue interpretar os outros traçados? É só seguir o mesmo raciocínio que te garanto que dá certo. Este foi um resumo bem básico desse tópico de fisiologia cardiovascular. Espero ter ajudado vocês!

Texto escrito por Carolina Nobre, Biomédica, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Fisiologia e Farmacologia) da Universidade Federal de Goiás.

Referências

AIRES, M. M. (2012) Fisiologia, 4ª ed., Ed. Guanabara Koogan/GEN, Rio de Janeiro, RJ.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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