Alterações laboratoriais em pacientes com COVID 2019

Por Brunno Câmara - quarta-feira, março 18, 2020

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🔄Atualizado em 22 de março de 2020

Um artigo científico recente reuniu dados de oito artigos publicados com informações sobre as alterações laboratoriais em pessoas com a Doença do Coronavírus 2019 (COVID-19).


Alterações laboratoriais mais frequentes

  • Linfopenia (35–75% dos casos)
  • Diminuição de hemoglobina (41–50% dos casos)
  • Aumento de Proteína C reativa (75–93% dos casos)
  • Aumento de Dímero D (36–43% dos casos)
  • Diminuição de albumina sérica (50–98% dos casos)

A contagem de leucócitos totais variou bastante entre os estudos, podendo estar aumentada ou diminuída.

Alguns estudos também detectaram aumento da velocidade de hemossedimentação (15-85% dos casos).

O aumento de TGO e TGP foi reportado em diversos artigos, variando entre 8-37% dos casos.

Outro parâmetro frequentemente alterado foi a enzima DHL (ou LDH), chegando a estar alterada em 92% dos casos relatados em um dos artigos.

Exames laboratoriais prognósticos de gravidade

Um artigo, em particular, comparou vários parâmetros laboratoriais entre pacientes hospitalizados com ou sem doença grave.

Pacientes que foram admitidos na UTI tiveram os seguintes resultados elevados em relação a quem não foi para a UTI:

  • Número de leucócitos totais 1,5 vezes maior
  • Número de neutrófilos 1,7 vezes maior
  • Número de linfócitos 0,9 vezes menor
  • Níveis de DHL 2,1 vezes maiores
  • Níveis de TGP 1,5 vezes maiores
  • Níveis de TGO 1,8 vezes maiores
  • Níveis de troponina cardíaca I 2,2 vezes maiores
  • Dímero D 2,5 vezes maior

Em outro estudo, pacientes graves tiveram resultados de dímero D, proteína C reativa e procalcitonina mais elevados do que pacientes com doença leve.

Esses valores alterados poderiam ser utilizados significativamente para predizer a admissão na UTI.

Dímero D e IL-6 *NOVO

Um estudo reportou que a associação dos resultados de IL-6 e Dímero D teve uma sensibilidade de 96,4% e especificidade de 93,3% para predizer precocemente a gravidade da COVID-19 em pacientes adultos.

Linfopenia *NOVO

A frequente linfopenia encontrada na COVID-19 sugere que o vírus age nos linfócitos, principalmente linfócitos T.

As partículas virais disseminam-se pela mucosa respiratória, inicialmente usando como receptor a ECA2, e então infectam outras células.

Isso induz uma tempestade de citocinas no corpo e gera uma série de respostas imunes que causam alterações nos leucócitos do sangue periférico.

Importante

Até o momento esses são os dados mais atuais, porém estudos com grupos de pacientes em diversos países e níveis de gravidade precisam ser publicados para um conhecimento mais consolidado sobre essas alterações encontradas na COVID-19.

Leia também: 8 coisas que todo Biomédico deve saber sobre Coronavírus


Referência

Lippi G, Plebani M. Laboratory abnormalities in patients with COVID-2019 infection [published online ahead of print, 2020 Mar 3]. Clin Chem Lab Med. 2020. doi:10.1515/cclm-2020-0198

Rodriguez-Morales AJ, Cardona-Ospina JA, Gutiérrez-Ocampo E, et al. Clinical, laboratory and imaging features of COVID-19: A systematic review and meta-analysis [published online ahead of print, 2020 Mar 13]. Travel Med Infect Dis. 2020;101623. doi:10.1016/j.tmaid.2020.101623

Gao Y, Li T, Han M, et al. Diagnostic Utility of Clinical Laboratory Data Determinations for Patients with the Severe COVID-19 [published online ahead of print, 2020 Mar 17]. J Med Virol. 2020;10.1002/jmv.25770. doi:10.1002/jmv.25770

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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