Como saber se uma anemia é hemolítica?

Por Brunno Câmara - quarta-feira, março 11, 2020

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Exame clínico

A primeira coisa é olhar para o paciente.

Além das manifestações clínicas clássicas de anemia, como palidez e fadiga, o paciente pode apresentar sinais indicativos de hemólise como icterícia e esplenomegalia.
Porém, esses sinais não são específicos, e podem ser encontrados em outras desordens.

Exames laboratoriais

Para confirmar a anemia hemolítica (AH), é necessário olhar vários exames laboratoriais, preferencialmente em conjunto.

Hemograma

As alterações dependem muito da causa da hemólise.

Além da anemia, é possível detectar anisocitose (↑RDW; variação do tamanho das hemácias), presença de poiquilocitose (alterações na morfologia das hemácias) e presença de eritroblastos.

O leucograma e plaquetograma variam de acordo com a doença do paciente e se o mesmo tem alguma infecção, por exemplo.

Contagem de reticulócitos

Geralmente o número de reticulócitos está aumentado no sangue periférico, devido ao aumento da eritropoiese na medula óssea.

Porém, se a hemólise for intensa e crônica, a medula óssea pode entrar em falência e o paciente evoluir para uma pancitopenia.

Desidrogenase lática (DHL ou LDH)

A DHL é uma enzima intracelular, que catalisa a conversão do piruvato para lactato, e é liberada quando ocorre dano celular, como por exemplo a destruição das hemácias.

Nas anemias hemolíticas geralmente a DHL sérica está aumentada.

Bilirrubinas

A bilirrubina é o produto da degradação do grupo HEME, presente principalmente na hemoglobina.

Quando há o excesso de destruição de hemácias, a quantidade de hemoglobina livre aumenta, aumentando também a bilirrubina indireta.

Por isso, uma das manifestações clínicas das AH é a icterícia, pois a bilirrubina é um pigmento amarelo que acumula-se na pele e mucosas.

Haptoglobina

A função da haptoglobina é, principalmente, determinar o caminho da hemoglobina liberada das hemácias após a hemólise.

Essa proteína se liga à hemoglobina livre, formando um complexo que é removido pelo sistema reticuloendotelial.

Sendo assim, com o excesso de destruição de hemácias vai levar à diminuição da haptoglobina sérica, devido ao seu consumo ao se ligar à hemoglobina livre.

Eletroforese de hemoglobinas

Se a causa for genética/hereditária, pode-se verificar a presença de hemoglobinas anormais, como a Hemoglobina S e a Hemoglobina C.

Teste da antiglobulina direto (TAD)

Nas AH de causa imunológica, geralmente o TAD (coombs direto) é positivo.

Esse resultado é devido aos anticorpos que se ligam na membrana da hemácias e, quando essas chegam ao baço, são retiradas da circulação.

Esse processo chama-se hemólise extravascular.

Em outras causas de AH, o coombs poderá ser negativo.

Referência

MARTINS, M. A., et al. Clínica Médica. Manole, vol. 3, 2009.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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