Resposta imunológica contra os vírus

Por Brunno Câmara - sábado, outubro 03, 2020

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Imunidade inata

Os componentes do sistema imune inato reconhecem, fagocitam e desencadeiam os mecanismos de defesa contra os vírus por meio dos receptores de reconhecimento de padrões (PRRs).

Esses PRRs reconhecem os PAMPS, padrões moleculares associados aos patógenos, como por exemplo os ácidos nucleicos virais, RNA ou DNA.

Um exemplo bastante conhecido de PRR são os Toll like receptors (TLRs).

Geralmente, o reconhecimento do ácido nucleico viral ocorre por meio dos TLRs e RLHs (Rig-1-like RNA helicase).

Exemplos de reconhecimento:

  • TLR-3: RNA de fita dupla;
  • TLR-7 e TLR-8: RNA de fita simples;
  • TLR-9: DNA
A interação de PRRs com os componentes virais desencadeia a produção de Interferon do tipo I (IFN-alfa e IFN-beta), que possui ação antiviral.

Os IFNs do tipo I são essenciais para uma resposta imune eficaz, como:

  • Induzem a maturação de células dendríticas;
  • Induzem células T CD8+;
  • Induzem a produção de quimiocinas que recrutam linfócitos e monócitos para o local da inflamação.

Células Natural Killer (NK)

As células NK induzem que as células infectadas entrem em apoptose. Ou seja, elas não matam o vírus mas sim as células que contêm o vírus em seu interior.

Elas são estimuladas pelos IFNs do tipo I e também Interleucina 12 (IL-12).

Após seu contato com a célula infectada, degranulam e liberam granzimas e perforinas. Essas, por sua vez, atuam na membrana da célula-alvo fazendo poros.

A célula-alvo infectada é induzida à morte por apoptose.

As células NK produzem também IFN-gama, que também tem atividade antiviral.

Imunidade adaptativa

Composta principalmente por anticorpos e linfócitos T.

Anticorpos naturais

Anticorpos naturais ajudam no combate à infecção viral. Eles são imunoglobulinas, na maioria dos casos IgM, de baixa afinidade e reagem a diversos antígenos de forma não específica.

São encontradas em baixos níveis e produzidos em pessoas sadias, independentemente de estímulo com antígeno viral específico.

Alguns mecanismos desses anticorpos são a neutralização direta (formação de complexos antígeno-anticorpo) ou indireta (ativação de sistema complemento).

Anticorpos neutralizantes

Inibem a entrada do vírus na célula hospedeira. São formados rapidamente após a infecção.

São geralmente IgM. Também há secreção de IgA nos casos de infecção pelas mucosas intestinal e respiratória.

Linfócitos T

Os linfócitos T CD8+ reconhecem peptídeos virais derivados de proteínas sintetizadas nas células infectadas, durante a replicação viral.

Esses peptídeos são expressos no MHC de classe I na membrana de células apresentadoras de antígeno (APCs).

Após o reconhecimento desses peptídeos pelos linfócitos T CD8+ (citotóxicos), a célula infectada é induzida à apoptose por meio de granzimas, perforinas e ativação de caspases.

Além disso, os peptídeos virais podem ser expressos no MHC de classe II e reconhecidos pelos linfócitos T CD4+ (auxiliares).

A IL-12, produzida por macrófagos e células dendríticas durante a resposta inata, promovem a diferenciação dos linfócitos Th0 em Th1.

As células Th1 produzem citocinas relacionadas principalmente com a defesa mediada por fagocitose contra agentes infecciosos intracelulares, como Interferon-gama (INF-γ), IL-2 e Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF-α).


Referência

MARTINS, M. A., et al. Clínica Médica. Manole, 2ª ed., vol. 7, 2016.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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