Na bancada - atualização rápida para biomédicos #3

Por Brunno Câmara - quarta-feira, dezembro 10, 2025

Antes de continuar a leitura do texto, quero te convidar para conhecer meus cursos:

Continue agora com a sua leitura do texto. Espero que goste.


Nesta edição você verá:

📄 Correção de potássio sérico em casos de amostra hemolisada
📰 Política Nacional para as Residências em Saúde
📰 Novas normas para cursos de especialização
📰 Residência inédita em análises clínicas no DF
📝 4 vagas para residência multiprofissional
🎯 Um caso clínico para você resolver
👨‍🏫 Resposta do caso da edição passada

🧫Destaque Científico

Artigo científico aplicado à prática de análises clínicas

Artigo de revisão destaca limitações na correção laboratorial do potássio em amostras hemolisadas

A hemólise in vitro é a interferência pré-analítica mais comum e tem maior incidência em emergência e UTIs, alterando principalmente a dosagem de potássio sérico.

Os analisadores de rotina medem índice de hemólise (HI) por espectrofotometria. Mas, avanços recentes permitem medir Hb livre em sangue total em analisadores de gases sanguíneos (gasômetros).

Várias equações tentam “corrigir” esse problema medindo a hemoglobina livre (HI/Hb), mas os coeficientes variam bastante entre estudos e instrumentos e a correção numérica é, muitas vezes, insuficiente ou insegura para decisões clínicas.

Uma recomendação dos autores é para não confiar cegamente em um valor quantitativo corrigido. Em vez disso, considere emitir um comentário qualitativo (“resultado não disponível devido a hemólise; provável: criticamente alto / alto / normal / baixo”).

Além disso, em pacientes com altos leucócitos (ou doenças com fragilidade leucocitária), a correção por Hb é inadequada.

Leia o artigo na íntegra: https://doi.org/10.1093/jalm/jfaf067

📰Notícias em destaque

Residências em saúde ganham novo marco regulatório

O Ministério da Educação junto com o Ministério da Saúde publicaram portaria instituindo a Política Nacional de Residências em Saúde (PNRS).

A PNRS define os princípios, diretrizes, e eixos de atuação para o dimensionamento, gestão, financiamento, qualificação, monitoramento e avaliação dos programas de residência em saúde no país.

Essa Política terá impacto no planejamento da oferta de vagas, capacitação dos tutores e preceptores, nas ações de saúde mental e na forma como os programas são financiados. 

Espero que os programas de residência sejam mais fortalecidos, dado sua importância na formação de especialistas altamente qualificados para atuar na área da saúde.

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Cursos de especialização terão novas regras

As novas diretrizes do CNE para cursos de especialização chegam para colocar um pouco de ordem no cenário que, há anos, sofre com discrepâncias de qualidade entre instituições. 

A principal mudança é a padronização mínima dos projetos pedagógicos, da carga horária e do corpo docente, algo essencial para garantir que a especialização entregue, de fato, competência técnica ao profissional. 

Isso impacta diretamente áreas como a Biomedicina, que dependem de formação sólida para atuação responsável.

Também chama atenção a maior fiscalização sobre cursos que funcionam como “produtos prontos”, sem estrutura adequada, problema que já vemos na graduação há muito tempo.

No fim, quem ganha é o aluno que busca qualificação real. As instituições, por outro lado, terão que se adaptar rapidamente para continuar ofertando pós de qualidade.

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Aprovada pelo MEC! ESP/DF anuncia residência em Análises Clínicas com auxílio-moradia

A criação do novo programa de residência em Análises Clínicas da ESP/DF é uma excelente notícia para quem deseja se aprofundar tecnicamente na área e construir uma formação mais sólida. 

Com vagas para biomédicos, farmacêuticos e biólogos, a iniciativa reforça a necessidade crescente de profissionais qualificados nos laboratórios da SES-DF, onde a prática será diretamente voltada ao suporte diagnóstico e à rotina laboratorial avançada. 

Além da bolsa de R$ 4.106,09, o auxílio-moradia garante um suporte financeiro importante para quem decidir encarar essa jornada intensa, algo que sempre comento quando falo sobre residências e desenvolvimento profissional. 

Agora, resta aguardar a publicação do edital pela IADES, que deve sair em breve. Sem dúvida, uma oportunidade valiosa para quem quer trilhar um caminho mais técnico e consistente em análises clínicas.

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📝Edital em destaque

A Comissão de Residência Multiprofissional em Saúde e Residência em Área Profissional da Saúde da Universidade Federal de Goiás (COREMU/UFG) torna pública a realização do Processo Seletivo para ingresso nos Programas de Residência Multiprofissional em Saúde e em Área Profissional da Saúde 2026.

Áreas: Hematologia/Hemoterapia e Urgência/Emergência
Carga horária: 60 horas semanais
Bolsa: R$ 4.106,09
Vagas: 04
Banca: AGRM/AREMG
Taxa de inscrição: R$ 280,00
Inscrições: 07 a 16 de janeiro de 2026

Link para mais informações

Conheça meu curso preparatório: Análises Clínicas para Residência e Concurso

🎯Desafio Missão Diagnóstica

Você consegue resolver esse caso?

Um menino de 7 anos é levado à unidade de saúde com dor abdominal intermitente, prurido anal e redução do apetite. A mãe relata que os sintomas pioram à noite e que a criança costuma brincar descalça no quintal com terra e animais domésticos.

Foi solicitado um exame parasitológico de fezes, que evidenciou a presença de ovos ovais, com uma face plana e outra convexa, altamente sugestivos de um determinado helminto.

Pergunta: Qual é o parasito mais provável?

a) Entamoeba histolytica
b) Giardia duodenalis
c) Enterobius vermicularis
d) Ascaris lumbricoides

A resposta correta você confere na próxima edição do "Na bancada", aqui no blog.

🗃️Resposta do caso da edição passada

O diagnóstico mais provável do caso clínico da edição passada do "Na bancada" é cistite bacteriana, alternativa A.

Explicação

Os achados clínicos e laboratoriais são altamente sugestivos de infecção do trato urinário (ITU) baixa, ou seja, cistite. Sintomas típicos: disúria (ardência), polaciúria (aumento da frequência urinária) e dor suprapúbica → quadro clássico de cistite.

EAS compatível:

  • Nitrito positivo: indica a presença de bactérias redutoras de nitrato, especialmente E. coli.
  • Esterase leucocitária: reflete presença de leucócitos.
  • Leucócitos elevados (59.000/mL): leucocitúria importante.
  • Bactérias numerosas: reforça infecção bacteriana.
  • Hemoglobina: pode ocorrer em ITU devido a inflamação e micro-hematúria.
  • Proteinúria negativa: típico de infecções baixas; em glomerulopatias seria significativa.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico responsável técnico e gestor da qualidade no Laboratório Clínico do HC-UFG/Ebserh, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do HC-UFG/Ebserh. Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro. Tutor da residência multiprofissional de Biomedicina do HC-UFG/Ebserh. Criador do blog Biomedicina Padrão.
| Contato: @biomedicinapadrao |