8 coisas que todo Biomédico deve saber sobre Mononucleose Infecciosa

Por Brunno Câmara - segunda-feira, fevereiro 24, 2020

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1. Definição

A mononucleose é uma doença que, classicamente, apresenta-se com febre, linfadenopatia (aumento de linfonodos) e faringite tonsilar.

O termo "mononucleose infecciosa" foi usado pela primeira vez em 1920 para descrever um grupo de estudantes com uma mesma doença na faringe e que no hemograma apresentavam linfocitose e células mononucleares reativas.
Após algum tempo, o Vírus Epstein-Barr (EBV) foi atribuído como a causa da infecção.

2. Etiologia

A principal causa da mononucleose infecciosa é a infecção pelo EBV (herpesvírus humano 4).

Porém, a infecção também pode ocorrer devido a outros agentes como:


3. Transmissão

O EBV é comumente transmitido por contato direto com fluídos corporais, principalmente com secreções salivares.

Por isso, a doença é conhecida popularmente como doença do beijo.

A duração da excreção viral pode durar cerca de seis meses após o início da doença.

A primeira vez que um indivíduo infecta-se com o EBV (infecção primária) o vírus pode ser transmitido por semanas e até mesmo ante do aparecimento dos sintomas.

Após a infecção primária, o vírus fica latente no organismo e pode reativar-se em certas circunstâncias.

4. Epidemiologia

Estima-se que cerca de 95% da população adulta mundial são soropositivos para EBV.

O pico de incidência ocorre na faixa etária entre 15 e 24 anos de idade.

Adolescentes são o principal grupo em que a infecção é sintomática.

Em adultos, a mononucleose é incomum.

5. Fisiopatologia

O período de incubação é longo: cerca de 3 a 6 semanas.

Após a exposição, o EBV infecta as células epiteliais das glândulas salivares e orofaringe.

Os linfócitos que residem nas tonsilas são expostos ao vírus e entram na circulação sanguínea.

O EBV tem predileção por linfócitos B do tecido linfoide. A infecção dessas células resulta na produção de imunoglobulinas (anticorpos heterófilos).

Uma hiperplasia linfoide é comum e pode ser vista como linfadenopatia generalizada, tonsilite e hepatoesplenomegalia.

6. Manifestações clínicas

Os achados clássicos são: febre, dor de garganta e linfonodos com tamanho aumentado.

Outras manifestações podem ser: dor de cabeça, mal estar geral e baixa ingestão oral.

Cerca de 50% dos pacientes apresentam esplenomegalia.

A infecção por EBV também pode causar neoplasias, como linfomas e carcinoma nasofaríngeo.

7. Diagnóstico

No hemograma, é observada linfocitose reacional, geralmente com mais de 50% de linfócitos.

Os linfócitos reativos podem representam mais de 10% dos linfócitos do paciente.


O teste Monospot é utilizado para a detecção de anticorpos heterófilos (anticorpos que aglutinam sangue de animais como carneiro, cavalo e boi).

Porém, os testes sorológicos para a detecção de anticorpos específicos contra EBV são a principal ferramenta para a confirmação do diagnóstico.

Os principais anticorpos (IgM e IgG) pesquisados são aqueles contra os seguintes antígenos virais:

  • Antígeno do capsídeo viral (VCA);
  • Antígeno inicial (EA);
  • Antígeno nuclear do EBV (EBNA).

A PCR quantitativa e semiquantitativa também pode ser usada para detectar o DNA viral circulante.

8. Prevenção e tratamento

Apesar de existirem algumas vacinas em desenvolvimento, ainda não há uma vacina disponível para prevenir a infecção pelo EBV.

O tratamento é basicamente paliativo.

Porém, alguns estudos propõem que o aciclovir pode ser um medicamento utilizado na terapia.

Referência

Mohseni M, Boniface MP, Graham C. Mononucleosis. [Updated 2019 Nov 18]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan-.

Stuempfig ND, Seroy J. Monospot Test. [Updated 2019 Mar 10]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan-.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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